(Hb 13,1-8; Sl 26[27]; Mc 6,14-29)
4ª Semana do Tempo Comum.
“Outros diziam: ‘É
Elias’. Outros ainda diziam: ‘É um profeta como um dos profetas’. Ouvindo isso,
Herodes disse: ‘Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele
ressuscitou’” Mc 6,15-16.
"Suprema glória
a de João Batista, a de ser confundido com Jesus! Tal já começa a ser o
prestígio de Jesus que, como termo de referência, Herodes o comparou a João
Batista, o maior dos nascidos de mulher e muito venerado pelo povo e por toda a
Jerusalém. Quando apareceu Jesus, com uma doutrina diferente, fazendo milagres
e anunciando um novo ano da graça de Deus, o povo correu atrás dele e as
autoridades começaram a se precaver, temerosas de que pudesse abalar-lhe o
poder e desmoraliza-las por seus desmandos. Herodes o compara, então, ao maior
profeta dos últimos tempos, João Batista, a quem ele, coincidentemente, tinha
mandado degolar na prisão. Não se sabe se por veneração ou por remorso, o
Batista passeava pelas noites insones do tirano. Essa passagem oferece e nos
ilumina com algumas verdades: nem a morte silencia a força de um profeta. Sua
verdade continua viva na memória e na formação espiritual de um povo. E feliz
do povo que tem profetas para incandescê-lo em sua caminhada histórica,
ajudando-o a forjar sua unidade nacional! Por outro lado, um profeta não deve
se calar e ai de quem ousa silenciar-lhe a voz, como Herodes fez com João
Batista! O remorso o perseguirá dia e noite, tirando-lhe o sossego e
infundindo-lhe um medo que o fará confundir pessoas e destinos. E, por último,
uma verdade consoladora para João Batista: ele foi reconhecido grande até por
quem mandou matá-lo. Se isto não pode servir para reparar o erro trágico e
mortal de Herodes, serve, ao menos, para imortalizar, na voz do assassino, a grandeza
da vítima. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos a fortaleza de escolher
o bem e a graça de testemunhá-lo sem medo, na alegria, para iluminar as
decisões da caminhada comum. Fazei-nos, ao menos, um pouco parecidos com João e
muito com Jesus. Amém” (Neylor J. Tonin – Graças a
Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite