(Rm 7,18-25; Sl 118[119]; Lc 12,54-59)
29ª Semana do Tempo Comum.
“Com efeito, não faço
o bem que quero, mas faço o mal que não quero,
então já não sou eu
que estou agindo, mas o pecado que habita em mim” Rm 7,19.
“Hoje, Paulo, no
texto que escutamos, fala que a vida cristã tem sempre algo de dramático.
Embora salvos pela fé, precisamos continuar a combater para alcançar a
salvação. Uma coisa é conhecer a Lei de Deus, e outra é observá-la. Também não
é suficiente saber que a fé é capaz de nos salvar por um ato de abandono total
ao amor misericordioso de Deus. Do mesmo modo, não basta assumir pela fé o
mistério pascal de Cristo, que toda via sustenta e anima a vida do verdadeiro
discípulo. Paulo descreve a sua própria experiência de luta para nos ajudar a
viver o drama de não fazermos o bem que queremos e de fazermos o mal que não
queremos. Se é verdade que fomos libertados da escravidão de satanás, também é
verdade que continuamos expostos à escravidão da carne, do mal, dos nossos
desejos inconfessáveis, dos nossos afetos desordenados. Por isso, sentimo-nos
muito identificados com a luta do apóstolo e com os seus anseios. Tanto Paulo
como Jesus, alertam-nos para a presença do mal em nós. Jesus chama-nos de
hipócritas. Paulo fala de modo incisivo e dramático do mal com que continua a
debater-se de si mesmo. A linha de divisão entre o bem e o mal passa pelo nosso
coração. Por isso, a luta contra o mal não se trava fora, mas dentro de nós.
Se, por um lado, sentimo-nos fascinados e atraídos pelo bem, por outro lado
também sentimos o apelo e a sedução do mal. Paulo não se limita a contemplar o
seu drama, ergue os olhos para o céu e descortina o olhar amoroso de Deus, Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo. O crente se dá naturalmente conta das suas
limitações e do seu pecado com uma agudeza superior à de quem não tem fé e que
o remédio para a sua situação é Jesus, nossa paz e reconciliação, que veio
colocar-se no coração da nossa aventura humana. – Senhor Jesus, ajuda-me
a ter consciência da incapacidade que tenho para fazer o bem, porque ela me
leva a unir-me cada vez mais a ti” (Sônia de Fátima Marani Lunardelli
– Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite