(Rm 8,1-11; Sl 23[24]; Lc 13,1-9)
29ª Semana do Tempo Comum.
“Os que vivem segundo
a carne aspiram pelas coisas da carne;
os que vivem segundo
o Espírito aspiram pelas coisas do Espírito” Rm 8,5.
“Depois dos capítulos
precedentes, carregados de tons dramáticos, entramos no capítulo oitavo da
Carta aos Romanos, um dos mais belos textos do Novo Testamento. Ecoam nele
palavras que esclarecem o mal que há em nós e que, sobretudo, abrem-nos à
esperança por causa da estupenda libertação do pecado realizada por meio de
Cristo Jesus. Já não estamos sob o domínio do mal, mas sob a força do Espírito.
A libertação do ser humano foi realizada por Cristo não como ato vindo de fora,
mas como obra que se realiza a partir de dentro. Cristo se encarnou, trazendo o
Espírito de Deus para dentro da própria condição humana, que é dominada pelo
egoísmo. Desse modo, o ser humano pode seguir a Cristo que passou da morte para
ressurreição, passando do egoísmo para a doação de si aos outros. A entrada do
Espírito de Deus no ser humano, mediante Cristo, determina uma renovação pela
qual o ser humano sente, pensa e age conforme a vontade de Deus. Em lugar da
lei dos instintos egoístas, surge a ‘lei do Espírito que dá a vida’. Em lugar
do pecado e do egoísmo, que determina o ser e ação do ser humano, existe agora
o Espírito ou Amor; em lugar da morte, existe a vida. A unidade entre querer o
bem e realiza-lo é recomposta. Com isso, as relações sociais podem ser refeitas
e a estrutura social injusta e opressora pode ser superada. O Espírito é em nós
uma fonte de paz, uma torrente de alegria, uma luz maravilhosa que nos dá uma
sensibilidade para a Palavra e para os caminhos de Deus. Conforme a promessa de
Deus, o Espírito põe em ação uma força irresistível e doce que guia para a
verdade total e liberta dos vínculos da ‘carne’. O caminho de conversão, a que
somos chamados, passa por uma docilidade cada vez maior ao Espírito. – Senhor
Jesus, alcança-me a graça da fidelidade ao Espírito Santo, para que me conduza,
com força e suavidade, aos braços do Pai na simplicidade e na alegria” (Sônia de Fátima
Marani Lunardelli – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite