(Nm 6,22-27; Sl 66[67]; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21)
Maria Santíssima, Mãe de Deus.
“Quando se completou
o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido
sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos
recebêssemos a filiação adotiva” Gl 4,4-5.
“A solenidade de
Maria Santíssima, Mãe de Deus é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja
ocidental. Originariamente a festa nasceu para substituir o costume pagão da
‘strenae’ (dádivas), cujos ritos não condiziam com a santidade das celebrações
cristãs. O Natal de Santa Maria começou a ser festejado em Roma no século
quarto, provavelmente junto com a dedicação de uma das primeiras igrejas
marianas de Roma: a de Santa Maria Antiga no Foro romano, ao sul do templo dos
Castores. Sua liturgia estava ligada à do Natal. O dia primeiro de janeiro,
situa-se dentro da oitava de Natal, lembrando rito que se cumpriu oito dias
após o nascimento de Jesus, proclama-se o evangelho da circuncisão. A
circuncisão dava também nome à festa que inaugurava o ano novo. A última
reforma do calendário trouxe ao dia primeiro de janeiro a festa da maternidade
divina. Desde 1931 essa festa era celebrada no dia onze de outubro, lembrando o
Concílio de Éfeso (431) que proclamou solenemente uma das verdades mais
queridas do povo cristão: Maria é verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro
Filho de Deus. Nestório teve a ousadia de declarar: ‘Porventura pode Deus ter
uma mãe? Nesse caso não podemos condenar a mitologia grega, que atribui uma mãe
aos deuses’. São Cirilo de Alexandria, porém, havia replicado: ‘Dir-se-á: a
virgem é mãe da divindade? Ao que respondemos: o Verbo vivo, subsiste, é gerado
pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade... Mas ele
se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher’. Jesus,
Filho de Deus, nasceu de Maria. É deste sublime e exclusivo privilégio que
derivam à Virgem os títulos que lhe atribuímos. Também podemos fazer, entre a
santidade individual de Maria e sua maternidade divina, uma distinção sugerida
pelo próprio Jesus Cristo: ‘Uma mulher levantou a voz do meio da multidão e lhe
disse: bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram.
Mas Jesus replicou: ‘Mais bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e
a praticam’ (Lc 11,27). Na realidade, ‘Maria, filha de Adão, consentindo na
palavra divina, se fez Mãe de Jesus. E abraçando a vontade salvífica de Deus
com todo o coração, não retida por nenhum pecado, consagrou-se totalmente como
serva do Senhor à pessoa e obra do seu Filho, servindo sob ele e com ele, por
graça de Deus onipotente, ao mistério da redenção’ (Lumen gentium, 56). Deus se
fez carne por meio de Maria, começou a fazer parte de um povo, constituiu o
centro da história. Ela é o ponto de união entre o céu e a terra. Sem Maria
desencarna-se o Evangelho, desfigura-se e transforma-se em ideologia, em
racionalismo espiritualista. Paulo VI assinala a amplidão do serviço de Maria
com palavras que têm um eco muito atual em nosso Continente: Ela é a mulher
forte que conheceu a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio (Cf. Mt
2,13-23); situações estas que não podem escapar à atenção de quem quiser dar
apoio, com espírito evangélico, às energias libertadoras do homem e da
sociedade. Apresentar-se-á Maria como a mulher que com a sua ação favoreceu a
fé da comunidade apostólica em Cristo e cuja função materna se dilatou, vindo a
assumir, no Calvário, dimensões universais” (Puebla, 301 e 302)” (Mario
Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia –
Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite