Segunda, 09 de novembro de 2020

(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22) 

Dedicação da Basílica do Latrão.

“E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa do meu Pai uma casa de comércio!’”

Jo 2,16.

“Perguntou ainda o prefeito Rústico: ‘Onde vos reunis?’ Justino respondeu: ‘Onde cada um pode e prefere; você pensa que todos nós nos reunimos num único lugar, mas não é assim, porque o Deus dos cristãos, que é invisível, não se circunscreve a um lugar, mas enche o céu a e a terra e é venerado e glorificado em qualquer parte pelos seus fiéis’ (Atas do martírio de são Justino e companheiros). Na sua franca resposta o grande apologista, são Justino, repetia diante do juiz aquilo que Jesus havia dito à samaritana: ‘Acredita-me, mulher, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade’ (Jo 4,21-24). A festa de hoje, da dedicação da basílica do SS. Salvador ou de São João de Latrão, não está de modo algum em contradição com o testemunho de são Justino e com a palavra de Cristo. Salvos o dever e o direito da oração sempre e em toda parte, é também verdade que desde os tempos apostólicos, a Igreja, enquanto grupo de pessoas, teve necessidade de alguns lugares onde reunir-se para orar, proclamando a palavra de Deus e renovando o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, concretizando suas palavras: ‘Tomai e comei todos; tomai e bebei todos; fazei isto em minha memória’. Inicialmente essas reuniões eram feitas em casas particulares, também porque a Igreja não tinha reconhecimento nenhum. Mas este veio sem muita demora. Há um singular episódio do início do século III, quando Alexandre Severo deu razão à comunidade cristã e um processo contra os hospedeiros, que reclamavam contra a transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão. A basílica lateranense foi fundada pelo papa Melquíades (311-314) nas propriedades doadas para este fim por Constantino, ao lado do palácio lateranense, até então residência imperial e depois residência pontifícia. Surgia assim a igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo, destruída e reconstruída muitas vezes. Foram celebrados nela ou no antigo Palácio Lateranense nada menos que cinco Concílios nos anos de 1123, 1139, 1179, 1215, e 1512. ‘Mas o templo verdadeiro e vivo de Deus devemos ser nós’, diz são Cesário de Arles” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia – Paulus). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite