(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22)
Dedicação da Basílica do Latrão.
“E disse aos que
vendiam pombas: ‘Tirai isto daqui! Não façais da casa do meu Pai uma casa de
comércio!’”
Jo 2,16.
“Perguntou ainda o
prefeito Rústico: ‘Onde vos reunis?’ Justino respondeu: ‘Onde
cada um pode e prefere; você pensa que todos nós nos reunimos num único lugar,
mas não é assim, porque o Deus dos cristãos, que é invisível, não se
circunscreve a um lugar, mas enche o céu a e a terra e é venerado e glorificado
em qualquer parte pelos seus fiéis’ (Atas do martírio de são Justino e
companheiros). Na sua franca resposta o grande apologista, são Justino, repetia
diante do juiz aquilo que Jesus havia dito à samaritana: ‘Acredita-me,
mulher, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós
adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação
vem dos judeus. Mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e verdade; pois tais são os adoradores que o Pai
procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e
verdade’ (Jo 4,21-24). A festa de hoje, da dedicação da basílica do SS.
Salvador ou de São João de Latrão, não está de modo algum em contradição com o
testemunho de são Justino e com a palavra de Cristo. Salvos o dever e o direito
da oração sempre e em toda parte, é também verdade que desde os tempos
apostólicos, a Igreja, enquanto grupo de pessoas, teve necessidade de alguns
lugares onde reunir-se para orar, proclamando a palavra de Deus e renovando o
sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, concretizando suas
palavras: ‘Tomai e comei todos; tomai e bebei todos; fazei isto em
minha memória’. Inicialmente essas reuniões eram feitas em casas
particulares, também porque a Igreja não tinha reconhecimento nenhum. Mas este
veio sem muita demora. Há um singular episódio do início do século III, quando
Alexandre Severo deu razão à comunidade cristã e um processo contra os
hospedeiros, que reclamavam contra a transformação de uma hospedaria em lugar
de culto cristão. A basílica lateranense foi fundada pelo papa Melquíades
(311-314) nas propriedades doadas para este fim por Constantino, ao lado do
palácio lateranense, até então residência imperial e depois residência
pontifícia. Surgia assim a igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo,
destruída e reconstruída muitas vezes. Foram celebrados nela ou no antigo
Palácio Lateranense nada menos que cinco Concílios nos anos de 1123, 1139,
1179, 1215, e 1512. ‘Mas o templo verdadeiro e vivo de Deus devemos ser nós’,
diz são Cesário de Arles” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um
Santo para cada Dia – Paulus).
Pe. João Bosco
Vieira Leite