Sábado, 07 de novembro de 2020

(Fl 4,10-19; Sl 111[112]; Lc 16,9-15) 

31ª Semana do Tempo Comum.

“Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem?” Lc 16,11.

“A questão do dinheiro e da administração dos bens é uma constante no cap. 16 do Evangelho de Lucas, com a intenção de mostrar à comunidade como deve ser este relacionamento. A presença dos pobres na comunidade servia de ponto de reflexão: a acumulação colocava em risco a solidariedade e favorecia a desigualdade, fazendo com que a cobiça se exacerbasse e o dinheiro passasse a ser o centro de tudo: os bens materiais, a honra, o poder, o nome, e como a corrupção ronda todas as esferas políticas, econômicas, sociais e religiosas. Quem serve ao dinheiro faz-se refém da cobiça, torna-se cego e não se capacita para responder ao dinamismo do amor de Deus que quer a vida para todos. Diz-se comumente que ‘dinheiro chama dinheiro’ e por isso é muito pouco provável que alguém se contente em ganhar pouco, quando a sua meta é alta, quando os desejos de grandeza obscurecem o projeto de justiça do Reino de Deus, gerando violência, guerras e injustiças. Quantos se afastaram da busca do bem comum, dos ideais de sua Igreja para se entregarem ao luxo, para se ajoelharem diante do dinheiro e de suas volumosas contas bancárias. A fidelidade ao projeto de bem comum, de solidariedade ao próximo, de construção de uma sociedade fraterna e justa perderam-se diante do vil metal. Jesus nos pede a simplicidade de vida, transparência nas relações, transparência no uso do dinheiro; chama-nos a uma coerência de vida que nos libere da opulência, da indiferença e para isto nada mais nos pede que sejamos fiéis no pouco! – Deus querido, dá-nos a grandeza de coração para vivermos cada dia com o pouco que temos, sem nos rendermos ao dinheiro e às riquezas deste mundo passageiro (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).          

 Pe. João Bosco Vieira Leite