32º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Sb 6,12-16; Sl 62[63]; 1Ts 4,13-18); Mt 25,1-13).

1. O Evangelho de Mateus é estruturado em cinco grandes discursos. Nesse domingo entramos no último deles que tem um tom escatológico e que tomará os três domingos seguintes em mais três parábolas: as dez virgens, os talentos e o juízo final.

2. Como já comentamos, o tema da vigilância que encerra o ano litúrgico, é o mesmo que nos liga ao início do advento, que se aproxima, e nos abre um novo ciclo.

3. Na parábola de hoje se reflete a realidade de uma espera eminente do retorno de Cristo e a constatação que essa tarda, jogando com dois aspectos, a tensão amorosa de quem espera e o cansaço e abandono de quem não compreendeu às palavras de Jesus.

4. A parábola conclui com esse apelo à vigilância que é, ao mesmo tempo, um toque de alerta para o juízo final que acompanhará a vinda do Senhor: estar preparado significa ter azeite na lâmpada. Essa luz viva da lâmpada é um sinal da fé e da esperança vigilante.

5. É normal que nos perguntemos sobre dois fatos que saltam aos olhos: por que não houve a partilha do óleo entre as jovens? Por que o noivo não abriu a porta para aquelas que foram buscar mais óleo e se atrasaram?

6. Primeiramente a parábola quer destacar a responsabilidade pessoal que não é substituível por ninguém. É essa falta de preparação que causa a exclusão do banquete. A lâmpada bem abastecida é sinal de previsão e vigilância. Estas são as qualidades interiores, do espírito, que ou se têm ou se carece delas, mas não se podem partilhar.

7. Há falhas de previsão e vigilância que são irreparáveis. Ninguém pode suprir a falha de uma sentinela, de um piloto ou de um condutor. A fé é uma resposta pessoal.

8. É aqui que entra o tema da sabedoria colocado na 1ª leitura, ela é a dimensão prática do discernimento cristão que a fé dá para distinguir os valores morais e os sinais dos tempos como apelos de Deus. ‘Ela é encontrada por aqueles que a procuram’, nos diz o texto.

9. Quantos não se encontram a com lâmpada apagada ou quase por se apagar, sem perceber a urgência do tempo presente, sem personalidade nem consistência evangélica? Outros vivem sem horizonte de futuro, submersos tão somente no presente: dinheiro, poder, egoísmo, sexo, materialismo nos seus múltiplos tentáculos.

10. Em algum momento chave da nossa existência a luz da fé brilhou para nós. É para esse dado que frequentemente nos remete o simbolismo litúrgico da luz pascal. Uma lembrança de que a devemos alimentar com amor e fidelidade diárias, para não nos encontrarmos desprovidos de azeite quando o Senhor vier.

11. Em cada Eucaristia que celebramos fazemos memória da ceia do Senhor na espera do seu retorno. É nesta multissecular esperança cristã que fazemos nosso o pedido que encerra o livro do Apocalipse: ‘Vem, Senhor Jesus!’.

“Glória a ti, Senhor Jesus, luz e sabedoria de Deus que te revelas a quem sabe esperar velando. Queremos manter acesas na noite a fé e a esperança até que desponte a aurora luminosa da tua chegada. Não permitas, Senhor, que se nos embote o sentido cristão para perceber as tuas contínuas vindas ao nosso mundo. Ajuda-nos a manter sempre a arder a lâmpada da fé que Tu acendeste no primeiro dia do nosso batismo. Assim, alimentando-a sempre com o amor e a fidelidade cotidiana, caminharemos com sua luz ao encontro de Ti para sermos admitidos na banquete eterno do teu reino. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite