1º Domingo do Advento – Ano B

(Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7; Sl 79[80]; 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37)

1. Iniciamos o novo ano litúrgico e o evangelista Marcos será o nosso companheiro de viagem nessa trajetória que fazemos para Deus na escuta e na abertura à Sua Palavra. O nosso autor é mencionado nos Atos dos Apóstolos ao lado de Pedro (12,12), a quem acompanhou em seu ministério público, por isso ele ficou conhecido como ‘discípulo e intérprete de Pedro’. Não foi apóstolo nem testemunha ocular do que relata.

2. O Evangelho de Marcos é o mais breve e o mais próximo da figura de Jesus e dos fatos por ele narrado. Seu escrito remonta ao ano 50. Marcos se interessa mais pelas ações de Jesus do que pelos seus discursos. Mostrar Jesus como Messias e Filho de Deus é a finalidade do seu Evangelho.

3. Um evangelho muito simples, diferente dos demais em seu estilo por se tratar de uma recopilação a partir de dados recolhidos, mas não se limita a pura biografia. Mas vamos ao que interessa na liturgia da Palavra desse domingo primeiro de nossa caminhada litúrgica.

4. Como já havia dito, o tema da vigilância é retomado ao início desse novo ano, na preparação para o Natal. Começamos nesse clima de oração com o nosso autor da 1ª leitura. É velando que situamo-nos entre a primeira vinda e a espera da volta definitiva proposta pelo evangelho.

5. Toda a vida cristã deve ser um perene advento de vigilância e oração contra as tentações diárias que nos desviam dessa comunhão com Deus. Vigilância e oração são virtudes irmãs e inseparáveis que se apoiam mutuamente. A oração sustenta a fé e a esperança.

6. Aguardamos essa segunda vinda em atitude dinâmica, trabalhando pelo Reino neste tempo de graça que o presente em que vivemos, o agora retratado na 2ª leitura e reforçado pelo evangelho. Este ‘advento’/vinda do Senhor se dá nos acontecimentos pessoais, familiares, eclesiais e sociais de cada dia.

7. A parábola de Marcos põe forte acento sobre a atitude de vigilância, citando as quatro vigílias nas quais se dividia a noite romana, para nos dizer que somente uma atenção contínua nos pode ajudar a vencer a sonolência e o cansaço durante a espera.

8. A parábola pode insinuar diferentes atribuições, mas ela se dirige a todos os cristãos, cada um no setor onde lhe foi confiada uma responsabilidade pessoal ou comunitária.

9. A espera pelo Senhor não deve produzir angústia ou ansiedade, pois é feita na confiança, excluindo todo temor. Deus é nosso Pai e nos convida a participar da vida do seu Filho. De fato, esperamos o que já possuímos pela fé, que é o fundamento da esperança que reaviva o amor.

10. É verdade que vez ou outra se abate sobre nós a ‘ausência’ de Deus. Às vezes a vida nos é pesada e nas horas tristes buscamos apoio nos outros, mesmo percebendo ao nosso redor, certa indiferença religiosa, ambiguidade e confusão de valores.

11. Tudo isto constitui uma prova, uma noite escura, em que somos recordados da necessidade de, em nossa oração, reencontrarmo-nos com o Deus que vem sempre ao encontro de quem o busca de coração sincero.

12. A dinâmica do Advento não tem seu ponto final na celebração do Natal, mas continua sua viagem até a volta definitiva do Senhor, sem desinteressar-nos do mundo presente. Que ele nos encontre vigilantes na fé, na oração da vida, com as mãos e o coração ocupados em fazer o nosso melhor. 

 

 Pe. João Bosco Vieira Leite