(Pr 31-10-13.19-20.30-31; Sl 127[128]; 1Ts 5,1-6; Mt 25, 14-30)
1. Se no domingo anterior a liturgia
nos propôs o tema da vigilância, a este tema se acrescenta hoje o de uma
vigilância produtiva e laboriosidade solícita, conforme nos sugere a 1ª leitura
e o evangelho.
2. A parábola tem como destinatário a
comunidade cristã e cada cristão pessoalmente. Na interpretação comum, o senhor
desses empregados é Jesus, sua ausência seria a Ascenção, o regresso, sua
segunda vinda e nós seriamos os empregados em contínua operosidade em nossa
existência.
3. Se Deus recompensa a fidelidade
criativa de quem se arrisca para servir a Ele e aos irmãos, também condena o
pecado de omissão que o terceiro empregado personifica. Mas este faz parecer
que cumpriu as regras, em seu espírito legalista e ainda se atreve a censurar o
seu patrão como capitalista e explorador.
4. Seu modo de falar com o patrão/Deus
deixa entrever que ele desconhece os dons de Deus e seu amor pela humanidade,
que culminam na paixão e cruz de Jesus.
5. Talento, dom de Deus, é tudo que
temos, pessoalmente, na ordem temporal e espiritual, tudo o que está dentro e
fora de nós. A vida, primeiramente, toda a criação, a sociedade e a
fraternidade a serem construídas, a inteligência, a família, uma carreira... os
valores da vocação cristã e os dons de Deus.
6. A parábola deixa entrever que os
dons e talentos não são para uso privado e exclusivo, de tudo somos meros
administradores, por isso nos será pedido conta do rendimento.
7. Tanto o evangelho como a 1ª leitura
valorizam o trabalho humano na sua dimensão pessoal familiar, profissional e
social. Em nossa consciência cristã, sabemos que em tudo isso servimos a Deus.
A vigilância cristã chama-nos com urgência à fidelidade criativa, como quem
espera a vinda do seu Senhor, lembra-nos a 2ª leitura.
8. O evangelho nos provoca com esse
olhar para o terceiro empregado, pois nele somos retratados com maior ou menor
intensidade de luz. Trata-se do pecado de omissão, que muitas vezes não nos
damos conta. Levados por uma apatia, preguiça, comodidade, medo, psicose de
segurança...
9. A liturgia nos recorda que nosso
seguimento de Jesus tem que ser produtivo, caso contrário ficaremos
desqualificados. Deus reparte os seus dons como quer e conforme a capacidade de
cada um, mas a todos pede igual dedicação pessoal e plena vontade de servir o reino.
10. Em qualquer setor da atividade
humana a filosofia do conservar e não perder é insuficiente. Por isso, temos de
assumir o risco de investir os nossos talentos na construção do reino de Deus
na nossa vida pessoal, de família, trabalho e sociedade. O contrário é
renunciar a ser pessoa e cristão, é enterrar-se na vida, pôr os valores em
conservas.
- “Obrigado, Senhor Jesus,
porque confiastes em nós, entregando-nos os talentos e a responsabilidade do
teu reino. Com a parábola de hoje chamas a nossa atenção para a mediocridade e
os nossos pecados de omissão. Concede-nos que tenhamos muito amor para receber
deTi mais amor. Acompanha-nos, Senhor, com o teu Espírito de criatividade
fecunda para que, fazendo render os talentos que Tu nos deste para o serviço do
reinado de Deus e dos irmãos, mereçamos na tua vinda gloriosa escutar dos teus
lábios as palavras dirigidas ao servidor responsável e fiel: Entra tu também na
alegria do banquete do teu Senhor. Assim seja” (B. Caballero – A
Palavra de cada Domingo – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite