(Tt 2,1-8.11-14; Sl 36[37]; Lc 17,7-10)
32ª Semana do Tempo Comum.
“Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos mandarem, dizei: ‘Somos servos inúteis;
fizemos o que
devíamos fazer’” Lc 17,10.
“É difícil supor que
alguém que cumpriu suas tarefas diante de Deus não tenha conseguido mais
aproximação e amizade com ele. O comportamento de Deus com o homem é como o do
amigo que pode ser molestado todas as horas, também de noite (Lc 11,5), o do
bom pastor (15,3-7), o pai do filho do pródigo (15,11-32). Pode-se, entretanto,
concluir que, por sermos servos inúteis, o que recebemos em troca de Deus não
nos é devido em termos contratuais, a rigor de justiça, mas de graça ou pela
graça. A fé é dom de Deus. Assim ensinou Jesus aos apóstolos (v. 9). A parábola
do servo inútil confirma essa verdade. Por tudo aquilo que o homem realiza, o
que recebe não é em proporção com o que fez. É sempre doação da bondade e
misericórdia de Deus. O texto é um incentivo à prática da humildade e da
gratidão. Corrige, ao mesmo tempo, nossos errôneos julgamentos e transforma
nossa mentalidade. É com humildade que o homem aceita esta renovação da mente,
recordando que, para ele, o deixar-se renovar, converter-se, é a maior humildade
e o mais importante sacrifício. Considerando-nos ‘servos inúteis’ Jesus não nos
quer humilhar. Ensina-nos que ‘servir a Deus’ é ordem da vida. O serviço de
Deus, embora nada a ele acrescente, nos é permitido para nosso bem. É por sua
bondade que ele nos chama a tomar parte em seus projetos. – Senhor,
ensina-nos a vos servir sem nada pretender. Dai-nos a humildade do servo
inútil, e que tudo que fizermos seja conforme vossa bondade e justiça. Amém” (Ralfy Mendes
de Oliveira – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite