Terça, 12 de fevereiro de 2019


(Gn 1,20—2,4; Sl 8; Mc 7,1-13) 
5ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus respondeu: ‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mc 7,6)

“É da natureza do hipócrita assumir os papéis os mais diversos. É próprio dele o viver representando, pois vive de representar já que, no seu sentido original, a palavra hipócrita significa ator. Jesus, no entanto, não está condenando o homem que faz da representação uma profissão, mas sim aquele que faz da sua profissão (de fé) uma representação, fazendo, por isso, da sua profissão (de fé) não um modo de vida mas um meio de vida. Esse é o caso de alguns judeus em Jerusalém que viviam das rendas auferidas pelo templo. É o caso também de todas as denominações cristãs que, sob o pretexto disso ou daquilo, acabam gerando lutas pelo poder, favorecimentos a amigos quando não os mais escarados nepotismos. Inqueridos, logo desfiam as mais extensas e profundas razões teológicas, prova de que – parabéns – o papel foi bem decorado. Será, porém, que só os outros é que são hipócritas? Será que nós também não fazemos parte nesse teatro? Talvez não seja o papel principal mas, pelo menos, uma ponta: vida dupla dentro do casamento, falta de empenho no trabalho, desonestidadezinha aqui e ali, fidelidade extrema ao princípio de levar vantagem em tudo, etc. – e tudo isso escorado em sólidas declarações morais para os outros, em assídua participação na Igreja e em outras tantas amostras de religiosidade explícita. Não seria hora, pois, de sinceramente nos arrependermos e de nos achegarmos de Deus? Ele desvela nosso teatro, não para criticar nossa possível má atuação, mas para perdoar a nós e aos nossos papéis errados. – Senhor Jesus, dá-me a sabedoria de não me deixar enganar por aqueles que fingem uma fé para obter vantagens. Acima de tudo, porém, dá-me a sabedoria de não me enganar a mim mesmo com mau teatro duma fé equivocada. Amem (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite