5º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Is 6,1-2a.3-8; Sl 137[138]; 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11)

1. Nossa liturgia da Palavra está caracterizada pelo chamado vocacional, nem sempre fácil de descrever, quando se pergunta a alguém que tenha passado por tal experiência, como faz Isaías neste texto carregado de simbolismo e de caráter espiritual.

2. O profeta reflete no seu texto a grandeza de Deus e a sua insignificância, por ser um homem de lábios impuros. Assim mostra-se Pedro também espantado e consciente dos seus limites. Mas Deus não se assusta diante do pecado, ele vem sempre para restaurar, purificar.

3. Talvez Isaías e Pedro não tivessem se dado conta dos seus limites vivendo em meio a outras pessoas limitadas, mas a experiência de estar na presença de Deus, de ser desnudado por Sua Palavra, ela é mais universal do que imaginamos, mas nem por isso Deus dispensa o seu chamado em nossa vida.

4. Paulo está às voltas com alguns membros da comunidade que mesmo abraçando a fé cristã não acreditam na ressurreição, por isso reforça o que foi ensinado na esperança de que revejam a sua posição, para não fazer de Cristo apenas um sábio que passou por nossa história.

5. Na experiência do chamado divino também devemos compreender que para muitos a fé é uma experiência progressiva que vai sendo iluminada pela Palavra e pelo Espírito Santo, só por esse caminho também faremos a nossa experiência do Ressuscitado em nossa vida.

6. Diferentemente da experiência de Isaias, o chamado dos primeiros discípulos se dá no cotidiano de sua existência. A narrativa de Lucas traz alguns pormenores que enfatizam algumas diretrizes já vividas pelas comunidades cristãs.

7. Para poder falar à multidão, Jesus escolhe a barca de Pedro. Jesus é o santo que entra em sua vida, na vida da Igreja e lhe confia particular ministério. A Palavra, por sua vez, não precisa de sinagogas ou templos para se fazer sentir. Por outro lado, é preciso saber distingui-la em meio a tantas outras palavras. Onde está a voz de Jesus?

8. A Palavra de Jesus pode parecer um contrassenso em nossos mecanismos mentais, mas ela é capaz de operar milagres se deixamos de lado certos cálculos humanos. Ela exige confiança.

9. Mais do que um simples chamado a Isaías, aos discípulos, ou aos sacerdotes e religiosos, a proposta cristã faz de cada um de nós que acreditamos na força da Palavra, alguém capaz de apresentar a proposta de Jesus a outros que se encontram no mar da vida, e mais que isso, vivê-la como uma proposta de salvação.

Pe. João Bosco Vieira Leite