(Hb 13,1-8; Sl 26[27]; Mc 6,14-29)
4ª Semana do Tempo Comum.
“Com efeito, Herodes
tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o
protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava” Mc 6,20.
“João era justo e
santo. É o que diz o texto. E corajoso também. Num mundo autoritário e sem
nenhum indício de direitos humanos, atrever-se a censurar um poderoso cuja
história familiar era contada em crimes e torturas só podia ser coragem e
muita. Pois foi exatamente isso que fez o nosso João: censurou Herodes porque
ele havia tomado como sua mulher a esposa do próprio irmão. Herodes, porém,
respeitava João. Aliás, homens de coragem sempre são respeitados até, ou
principalmente, pelos adversários. Por isso, Herodes ouvia João. E o João de
hoje, que é cada um dos cristãos, quem é que o ouve? Se no meio daquelas
conversas baixinhas, ao pé do ouvido, ele diz que não concorda, será levado a
sério? Ou dirão apenas que está com medo ou que é ingênuo? Será que sua recusa
em não compactuar com as coisas erradas fará os corruptos pensar pelo menos
alguns momentos em sua própria corrupção? Levá-los-á a uma mudança de
mentalidade? Difícil dizer o que poderá acontecer com os herodes quando os
joãos são tão poucos e esses poucos ainda tão calados. Difícil dizer quando o
medo de perder a cabeça é maior que a fé na Cabeça da Igreja. João, naturalmente,
valoriza sua cabeça, valoriza sua liberdade, valoriza sua vida, mas tinha
valores superiores que o levavam a desafiar todos os problemas, todos os
herodes, todas as salomés e também todas as espadas no seu pescoço. Esses são
também os nossos valores, objetivos, subjetivos também? – Ó Pai, somos
às vezes um tanto covardes em relação a determinados problemas, que deixamos
simplesmente correr. Ajuda-nos a ser um João Batista quando a situação exigir.
Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite