Sexta, 8 de fevereiro de 2019


(Hb 13,1-8; Sl 26[27]; Mc 6,14-29) 
4ª Semana do Tempo Comum.

“Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava” Mc 6,20.

“João era justo e santo. É o que diz o texto. E corajoso também. Num mundo autoritário e sem nenhum indício de direitos humanos, atrever-se a censurar um poderoso cuja história familiar era contada em crimes e torturas só podia ser coragem e muita. Pois foi exatamente isso que fez o nosso João: censurou Herodes porque ele havia tomado como sua mulher a esposa do próprio irmão. Herodes, porém, respeitava João. Aliás, homens de coragem sempre são respeitados até, ou principalmente, pelos adversários. Por isso, Herodes ouvia João. E o João de hoje, que é cada um dos cristãos, quem é que o ouve? Se no meio daquelas conversas baixinhas, ao pé do ouvido, ele diz que não concorda, será levado a sério? Ou dirão apenas que está com medo ou que é ingênuo? Será que sua recusa em não compactuar com as coisas erradas fará os corruptos pensar pelo menos alguns momentos em sua própria corrupção? Levá-los-á a uma mudança de mentalidade? Difícil dizer o que poderá acontecer com os herodes quando os joãos são tão poucos e esses poucos ainda tão calados. Difícil dizer quando o medo de perder a cabeça é maior que a fé na Cabeça da Igreja. João, naturalmente, valoriza sua cabeça, valoriza sua liberdade, valoriza sua vida, mas tinha valores superiores que o levavam a desafiar todos os problemas, todos os herodes, todas as salomés e também todas as espadas no seu pescoço. Esses são também os nossos valores, objetivos, subjetivos também? – Ó Pai, somos às vezes um tanto covardes em relação a determinados problemas, que deixamos simplesmente correr. Ajuda-nos a ser um João Batista quando a situação exigir. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite