Quarta, 20 de fevereiro de 2019


(Gn 8,6-13.20-22; Sl 115[116B]; Mc 8,22-26) 
6ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele” Mc 8,22.

“Marcos conta a história de cura do cego no fim da atuação de Jesus na Galileia. Depois disso, ele se pôs a caminho de Jerusalém. Nos três capítulos seguintes menciona três vezes sua paixão e sua morte em Jerusalém. Mas os discípulos que o acompanham continuam cegos. Antes de entrar em Jerusalém, Jesus cura outra vez um cego que passa a segui-lo pelo caminho. É ele o único discípulo que segue Jesus de olhos abertos. Entre as duas curas de um cego, Jesus ensina os discípulos durante a caminhada em Jerusalém. Ele gostaria de abrir-lhes os olhos para o seu próprio caminho que, passando pela cruz, conduz à ressurreição. Mas é também o caminho deles, durante o qual farão as mesmas experiências. Por meio dessa construção em forma de sanduíche, Marcos revela sua maneira de ver o aprendizado dos discípulos: as palavras devem lhes abrir os olhos para a realidade. É esse também o sentido da meditação das escrituras: meditando-as devemos penetrar de tal maneira nas palavras de Jesus que nossos olhos se abram ao conhecimento do mistério de Deus e de nossa própria existência humana. Os discípulos continuarão com os olhos fechados até a ressurreição. Na morte de Jesus, o centurião pagão verá em Jesus o Filho de Deus. Depois serão as mulheres que encontrarão o anjo no sepulcro. Elas deverão anunciar aos discípulos que eles verão Jesus na Galileia. Assim também a cura do cego nos convida a abrirmos os olhos em etapas, para que possamos compreender aos poucos o mistério da morte e da ressurreição de Jesus, entendendo finalmente de olhos abertos o que Jesus fez em nós. A primeira cura de um cego nos desafia a entendermos em nosso caminho que trilhamos com Jesus quem é esse Jesus. Ele, que anda à nossa frente e nos introduz no mistério da vida, é ao mesmo tempo aquele que morrerá por nós e que, em sua morte, vencerá o poder das trevas. Ressuscitado, ele nos acompanha agora no caminho de nossa vida” (Anselm Grun – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite