(Gn
8,6-13.20-22; Sl 115[116B]; Mc 8,22-26)
6ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus e seus
discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram
a Jesus que tocasse nele” Mc 8,22.
“Marcos conta a
história de cura do cego no fim da atuação de Jesus na Galileia. Depois disso,
ele se pôs a caminho de Jerusalém. Nos três capítulos seguintes menciona três
vezes sua paixão e sua morte em Jerusalém. Mas os discípulos que o acompanham
continuam cegos. Antes de entrar em Jerusalém, Jesus cura outra vez um cego
que passa a segui-lo pelo caminho. É ele o único discípulo que segue Jesus de
olhos abertos. Entre as duas curas de um cego, Jesus ensina os discípulos durante
a caminhada em Jerusalém. Ele gostaria de abrir-lhes os olhos para o seu
próprio caminho que, passando pela cruz, conduz à ressurreição. Mas é também o
caminho deles, durante o qual farão as mesmas experiências. Por meio dessa
construção em forma de sanduíche, Marcos revela sua maneira de ver o
aprendizado dos discípulos: as palavras devem lhes abrir os olhos para a
realidade. É esse também o sentido da meditação das escrituras: meditando-as
devemos penetrar de tal maneira nas palavras de Jesus que nossos olhos se abram
ao conhecimento do mistério de Deus e de nossa própria existência humana. Os
discípulos continuarão com os olhos fechados até a ressurreição. Na morte de
Jesus, o centurião pagão verá em Jesus o Filho de Deus. Depois serão as
mulheres que encontrarão o anjo no sepulcro. Elas deverão anunciar aos
discípulos que eles verão Jesus na Galileia. Assim também a cura do cego nos
convida a abrirmos os olhos em etapas, para que possamos compreender aos poucos
o mistério da morte e da ressurreição de Jesus, entendendo finalmente de olhos
abertos o que Jesus fez em nós. A primeira cura de um cego nos desafia a
entendermos em nosso caminho que trilhamos com Jesus quem é esse Jesus. Ele,
que anda à nossa frente e nos introduz no mistério da vida, é ao mesmo tempo
aquele que morrerá por nós e que, em sua morte, vencerá o poder das trevas.
Ressuscitado, ele nos acompanha agora no caminho de nossa vida” (Anselm Grun
– Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite