6º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Jr 17,5-8; Sl 01; 1Cor 15,12.16-20; Lc 6,17.20-26).

1. Nesses tempos de crise econômica é comum que quem tenha algum dinheiro procure um investimento seguro. É preciso ver as opções de mercado e fazer uma escolha. A liturgia da Palavra nos convida a apostar ou investir em Deus, na nossa relação com Ele.

2. O texto não nos quer conduzir a uma desconfiança do ser humano em si, mas dos valores muitas vezes propostos por esse, para constituir a base da vida; para se fazer entender, faz uma comparação com uma árvore plantada junto às águas e aquela do deserto. O salmo endossa a reflexão.

3. A pergunta por trás do texto é sobre qual fundamento se encontra a nossa existência? Que valores cultivamos? Nem sempre o senso comum é a melhor escolha. Há coisas que permanecem e outras são passageiras.

4. Continuando seu discurso, Paulo acrescenta à fé na ressurreição de Cristo, o fato da nossa ressurreição.  Se não ressuscitamos, então estamos perdendo tempo não gozando da vida, como tantos.

5. O texto afirma a ressurreição de todos quanto creem, mas aqui será necessário acrescentar: ‘que praticam o bem’. Esses serão os primeiros frutos, a serem recolhidos, independente da fé que carregam.

6. A forma literária das bem-aventuranças já foi usada antes de Jesus, como o fez Jeremias e tantos outros mestres do povo de Israel. Diferentemente de Mateus, Lucas apresenta-as de forma mais concreta, mais terrena, por assim dizer.

7. Aqui Jesus fala diretamente aos discípulos, não tanto à multidão, pois eles deixaram tudo para O seguir, escolheram a pobreza, pois a vida do homem não depende tão somente dos bens que possui. A multidão ainda continua presa a certos bens e coisas que lhes impedem de avançar na compreensão do verdadeiro sentido da existência.  

8. Jesus não está falando de indigência ou privação, mas de onde se colocou a confiança nessa vida e do que se constrói com o que somos e achamos ter.

9. Nas bem-aventuranças que se seguem aparecem as consequências do caminho abraçado por seus discípulos, a alegria não está no sofrimento, mas na luta empreendida que favoreça a todos.

10. As desventuras se concentram num olhar sobre quem tudo concentrou para si, no gozo desleixado dos bens desse mundo sem importar-se com os demais, inimigos do Reino anunciado por Jesus, algo que será bem ilustrado na parábola de Lázaro e do Rico, que distraidamente ignorou o pobre à sua porta.

11. Assim temos no conjunto dos textos a escolha por um caminho de bênçãos ou maldições, de morte ou ressurreição, se concentramos ou não a nossa vida demasiadamente para essa existência.

Pe. João Bosco Vieira Leite