(Ml 3,1-4; Sl 23[24]; Lc 2,22-40)
Festa da Apresentação do
Senhor.
“Quando se
completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de
Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao
Senhor” Lc 2,22.
“Não, efetivamente, ó
bem-aventurada Virgem, não tendes nem motivo nem necessidade de ser purificada.
Mas vosso filho teria necessidade de ser circuncidado? Sede entre as mulheres
uma dentre elas, imitando vosso filho que se deixa contar no número das
crianças. Ele quis ser circuncidado: não credes que ele deseja muito mais ser ofertado?
Oferece vosso filho, Virgem Santa, e apresentai ao Senhor o fruto bendito de
vossas entranhas. Oferecei para nossa reconciliação a vítima santa e agradável
a Deus. Deus Pai receberá de muito bom grado esta nova oferenda e esta vítima
preciosíssima da qual Ele mesmo disse: ‘Este é meu Filho bem-amado, nele eu pus
as minhas complacências” (Mt 3,17). Mas esta oferenda, meus irmãos, pode
parecer muito pobre, visto que apenas a apresentam ao Senhor e resgatam-na com
aves, e logo a recebem de volta. Mas tempo virá em que ele não mais será
oferecido no Templo, nem entre os braços de Simeão, mas fora da cidade e sobre
os braços da cruz. Tempo virá em que ele não será mais resgatado pelo sangue de
outrem, mas ele mesmo resgatará os outros pelo seu próprio sangue, porque Deus
Pai o enviou em resgate de seu povo. Será então o sacrifício da tarde; hoje é o
sacrifício matinal (2Rs 16,15). Este se realiza no tempo do nascimento, aquele
será feito na plenitude da idade. Mas de um e de outro pode se estender essa predição
do profeta: ‘Ele se ofereceu porque quis’ (Is 53,7). Porque agora também ele se
ofereceu, não por necessidade nem sob a pressão de uma lei mas porque ele quis;
e se ele foi oferecido sobre a cruz, não foi porque merecesse, ou porque os
Judeus tivessem este poder, mas porque ele mesmo o quis. Quanto a mim, ‘eu te
oferecerei de bom grado o meu sacrifício’ (Sl 53,8), Senhor, porque te
ofereceste voluntariamente para a minha salvação, não para tua utilidade. Eu
tenho ‘duas moedinhas’ (cf. Mc 12,42). Senhor, meu corpo e minha alma: que eu
possa oferecer perfeitamente em sacrifício de louvor! É bom para mim, e muito
glorioso e útil ser oferecido a ti, do que ser abandonado a mim mesmo: porque
‘em mim mesmo, minha alma se aflige’ (como diz o salmo 41,7) enquanto que meu
espírito se rejubilará em ti, se efetivamente te for oferecido” (São Bernardo –
3º Sermão da Purificação – Editora Beneditina Ltda.)
Pe. João Bosco Vieira Leite