7º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23; Sl 102[103]; 1Cor 15,45-49; Lc 6,27-38).

1. Muitos séculos antes de Jesus conclamar seus seguidores a uma atitude diferenciada, Davi teve seus momentos, sem o saber, de vivência do evangelho, que revelavam nobreza e generosidade.

2. Davi está sendo perseguido por Saul e tem a chance de chegar perto do rei para mata-lo, mas não o faz, pois sabe que ele foi consagrado rei de Israel, apesar de suas loucuras. O texto nos coloca diante da escolha de Davi e Abisai.

3. Davi dá um passo extremamente inesperado e na direção daquilo que nos aponta o evangelho, não só no perdão, mas até na busca do inimigo, para uma reconciliação. Desde já o texto nos provoca para que sejamos capazes de pensar qual seria a nossa atitude, nós que caminhamos sob a luz do evangelho.

4. Quando se fala em ressurreição da carne naturalmente pensamos nos que morrem queimados, decompostos e deformados pelas doenças, acidentes e pelo tempo. Paulo explica a nova condição a partir de um corpo espiritual, incorruptível, de acordo com a dimensão divina que é chamado a partilhar.

5. Com a eleição do novo presidente, veio à tona o assunto sobre o uso de armas de fogo, já que o mal crescente nos obriga a buscar um sistema de defesa, não por maldade, mas por necessidade, e por um senso de justiça que paga ao mal com o mal.

6. Mas na contramão de tudo isso vem o evangelho com seus imperativos: ‘amai, fazei o bem, abençoai, orai’. Somos assim colocados diante de toda forma de inimigos com que a vida pode nos presentear.

7. Jesus não vê no uso da violência uma solução, mas sua complicação; famílias rivais que o digam. Só o amor possibilita uma realidade nova. Não se trata de transformar inimigos em amigos, mas criar atitudes, comportamentos que os despertem, não agindo no olho por olho, dente por dente.

8. Se fosse algo simples, certamente Jesus não precisaria nos indicar o caminho da oração, uma forma de colocar o nosso coração em sintonia com o coração de Deus e nos fazer rever.

9. Não se trata de abrir mão do nosso direito de justiça; lembremos da viúva que ele elogia por sua insistência. Não significa tomar ao pé da letra o nosso texto, ele apenas insiste que não usemos certos métodos violentos, que sejamos capazes de uma resiliência, de uma paciência heroica, pois contra o mal não é possível reagir sem cometer o mal.

10. O texto segue nos orientando na prática do bem a quem se encontra em dificuldade, a viver uma outra forma de justiça que nos faz parecidos com Deus, e aqui está a nossa grandeza. Assim o texto faz com que nos perguntemos: em que patamar nos encontramos?

Pe. João Bosco Vieira Leite