(Hb 12,18-19.21-24; Sl 47[48]; Mc 6,7-13)
4ª Semana do Tempo
Comum.
“Expulsavam muitos
demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo” Mc 6,13.
“Todo o evangelho de Marcos
é entremeado de confrontos de Jesus com os demônios. É um fato que parece
estranho ao leitor de hoje. Mas, justamente numa época que mais e mais pessoas
sofrem de problemas psíquicos, o conflito de Jesus com os demônios se reveste
de grande atualidade. Trata-se de livrar o ser humano do poder destruidor das
forças do mal. O ser humano se vê hoje situado em um mundo dominado pelo mal.
Um sinal claro disso é o aumento da violência e do terror. Há também muitos que
estão fascinados pelo poder do mal. Muitas vezes, trata-se de pessoas magoadas
que procuram, por sua vez, magoar outros. Elas só se sentem vivas na medida em
que podem martirizar outros. Há outros que se tornam maus porque tiveram de
suportar durante anos ofensas e humilhações. Jesus vai ao encontro dessas
pessoas. Ele não tem medo de seu contato. Ele vai até elas e as levanta. Ele
lhes dá coragem para assumirem a si mesmas. Ele as aceita em sua aflição e lhes
devolve sua dignidade. No Evangelho de Marcos encontro um Jesus que luta pelo
ser humano, que se arrisca a enfrentar os demônios, que opõe ao medo a
confiança e ao desespero a esperança. Mas esse mesmo Jesus que luta com plenos
poderes contra o poder dos demônios revela-se impotente quando lhes é entregue
na paixão. Marcos une a plenipotência e a impotência de Jesus no assim chamado
mistério do Messias. Jesus ordena a seus discípulos e aos doentes curados por
ele que guardem silêncio a respeito de suas obras poderosas. Ninguém deve saber
quem é esse Jesus na verdade. Só depois, na morte e na ressurreição de Jesus,
ficará manifesto que Jesus era o Messias, com o qual muitos já o tinham
identificado em vida. É uma imagem do Messias que difere totalmente da
libertação política. O Messias só é reconhecido em seu verdadeiro ser depois da
elevação de Jesus pela ressurreição” (Anselm Grun – Jesus,
Caminho para a Liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite