Sábado, 16 de fevereiro de 2019


(Gn 3,9-24; Sl 89[90]; Mc 8,1-10) 
5ª Semana do Tempo Comum.

“Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram” Mc 8,8.

“Sobras – que palavra bonita quando se subtende repartição e satisfação de todas as necessidades de todas as pessoas. Mas que palavrinha terrível e mais fora de tom quando, por trás dela permanece a carência como resultado de desigual distribuição. Anos atrás, a Índia exportava arroz porque os famintos do país não tinham meios para compra-lo. E o Brasil não só exporta alimentos – que os nossos 32 milhões de famintos evidentemente não podem comprar – como ainda permite que milhares de toneladas de grãos simplesmente apodreçam em armazéns burocraticamente fechados. Qual, pois, o direito de falarmos em sobras, excedentes, supersafras, termos que tanto enchem a boca de nossos ministros da agricultura? Diante desse quadro nacional, como ficam os seguidores de Cristo ao meditar sobre o milagre da multiplicação de pães e suas maravilhosas sobras? Não estaríamos falando duma coisa sem sentido, ou até mesmo ofensiva, para uma considerável parte dos habitantes de nosso país? [...] As sobras, no entanto, continuam existindo, mas, infelizmente, pela insensibilidade humana que pelo milagre de Deus. Esse milagre, a saber, a natureza criada por Deus, o amor que nos dedica, evidentemente, é a causa de todas as sobras. Mas que haja sobras escandalosas, irritante, ultrajantes – só mesmo a insensibilidade e a maldade de quem faz seu estômago satisfeito o seu aristotélico deus”  - Senhor Jesus, não te pedimos que multipliques apenas os pães. Pedimos-te muito mais: multiplica o teu amor em nós. Amém(Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite