Segunda, 18 de fevereiro de 2019


(Gn 4,1-15.25; Sl 49[50]; Mc 8,11-13) 
6ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: ‘Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal’” Mc 8,12.

“Ver para crer – esse é o grande anseio de todos. Mas funciona mesmo? Judas se cansou de ver curas e na hora H traiu a Jesus. Pedro viu curas, inclusive da própria sogra, assistiu à transfiguração e na hora H negou Jesus. Os inimigos de Cristo, vendo a coragem com que os discípulos, após Pentecostes, pregavam em Jerusalém, reconheceram que esses homens só podiam estar assim exaltados por terem visto a Jesus ressuscitado. Ver não é crer. Crer significa entrar na dimensão do relacionamento com Deus. Crer é ver a Deus como Pai, como Amigo, como Autor da graça, como Doador do perdão. Consequentemente, crer também implica total transformação da pessoa. Crer não depende do ver. De que modo, então, é possível crer? Crer é dádiva do próprio Deus. É obra do Espírito Santo, que através da Palavra e dos sacramentos, cria em nós olhos internos que vêm aquilo que os olhos normais se recusam a ver. Por que, apesar disso, há pessoas insistindo em ver para crer? Por que nós – confessemos – também queremos que nossa fé seja consequência duma bisbilhotice espiritual? Talvez porque, no fundo, não queiramos crer; talvez ´porque, em última análise, queiramos apenas confiar em nós mesmos. Se, porém, criarmos esse tipo de impasse, fiquemos logo sabendo: nenhum sinal nos será dado. Não será melhor, portanto, humildemente crermos sem ver? – Senhor Jesus, teu amor mostra a nós dia após dia, e, mesmo assim, ainda queremos sinais miraculosos. Para quê? Porventura não nos é suficiente o Espírito Santo apontando para tua cruz?”  (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite