(Gn 4,1-15.25; Sl 49[50]; Mc 8,11-13)
6ª Semana do Tempo Comum.
“Mas Jesus deu um
suspiro profundo e disse: ‘Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos
digo, a esta gente não será dado nenhum sinal’” Mc 8,12.
“Ver para crer – esse
é o grande anseio de todos. Mas funciona mesmo? Judas se cansou de ver curas e
na hora H traiu a Jesus. Pedro viu curas, inclusive da própria sogra, assistiu
à transfiguração e na hora H negou Jesus. Os inimigos de Cristo, vendo a
coragem com que os discípulos, após Pentecostes, pregavam em Jerusalém,
reconheceram que esses homens só podiam estar assim exaltados por terem visto a
Jesus ressuscitado. Ver não é crer. Crer significa entrar na dimensão do
relacionamento com Deus. Crer é ver a Deus como Pai, como Amigo, como Autor da
graça, como Doador do perdão. Consequentemente, crer também implica total
transformação da pessoa. Crer não depende do ver. De que modo, então, é
possível crer? Crer é dádiva do próprio Deus. É obra do Espírito Santo, que
através da Palavra e dos sacramentos, cria em nós olhos internos que vêm aquilo
que os olhos normais se recusam a ver. Por que, apesar disso, há pessoas
insistindo em ver para crer? Por que nós – confessemos – também queremos que
nossa fé seja consequência duma bisbilhotice espiritual? Talvez porque, no
fundo, não queiramos crer; talvez ´porque, em última análise, queiramos apenas
confiar em nós mesmos. Se, porém, criarmos esse tipo de impasse, fiquemos logo
sabendo: nenhum sinal nos será dado. Não será melhor, portanto, humildemente
crermos sem ver? – Senhor Jesus, teu amor mostra a nós dia após dia, e,
mesmo assim, ainda queremos sinais miraculosos. Para quê? Porventura não nos é
suficiente o Espírito Santo apontando para tua cruz?” (Martinho Lutero e
Iracy Dourado Hoffmann – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite