6º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 8,5-8.14-17; Sl 65[66]; 1Pd 3,15-18; Jo 14, 15-21)

1. O texto dos Atos dos Apóstolos que vimos acompanhando dá um salto significativo em sua narrativa e nos coloca na ação evangelizadora dos que tiveram que fugir após a morte de Estevão e consequente perseguição dos cristãos.

2. Filipe está na Samaria e a estes anuncia a boa nova de Jesus. A ele se unem Pedro e João ao saberem desta nova comunidade fora de Jerusalém. O texto quer nos revelar a unidade da Igreja que cresce e precisa manter a ligação com os Apóstolos, ao mesmo tempo nos revela aquilo que alguns vieram a chamar depois de ‘batismo no Espírito Santo’. Esse Dom maior já nos é dado no batismo, mas o seu aprofundamento pode despertar em nós dons adormecidos que nos possibilitam nova experiência de oração e comunhão com o Senhor.

3. Também Pedro nos fala da perseguição infligida aos cristãos em sua carta. Seu conteúdo é convite a perseverar e perceber que é o próprio Cristo que está sendo combatido neles. É necessário manter firme as convicções daquilo que acreditam e vivê-las, sem ódio pelos que os perseguem, mas, porém, sem medo sejam capazes de testemunhar sua fé. 

4. O texto do evangelho vem na sequência do domingo anterior, o discurso de despedida de Jesus. Nesse ambiente de incertezas criado pelo anúncio de sua partida, Jesus faz algumas revelações. A mais importante delas é a presença do Espírito Santo na vida dos discípulos e da própria Igreja, como vimos na 1ª leitura.

5. O amor deles por Jesus, a perseverança em suas palavras lhes possibilita tão grande assistência. O mundo não consegue perceber isso. Mas de que mundo está falando? O ‘mundo’ que o autor se refere é aquele aonde Deus não consegue penetrar por estar tomado pelo mal, por tudo aquilo que se opõe ao amor que Jesus ensinou e viveu.

6. Já ensaiamos aqui o domingo de Pentecostes. O Espírito age em nós e por nós como um defensor, um advogado, colocando-se ao nosso lado, particularmente nos momentos difíceis. Um convite também a não se deixar abater pelas dificuldades, permanecer firme e alegre no Senhor, ainda que uma ou outra aparente derrota se faça sentir.

7. É o mesmo Espírito que assiste a Igreja para manter íntegra a mensagem do evangelho, ainda que seus ministros não o possam fazê-lo. E não esqueçamos que se a verdade é o próprio Jesus, que manifesta a essência de Deus, o Espírito comunga dessa mesma realidade e nos permite aderir livremente à revelação de Deus.

8. Ao Espírito cabe principalmente ir nos conduzindo nessa verdade de Deus; naquilo que ainda não compreendemos das palavras de Jesus. Isso requer abertura e discernimento da parte dos seus discípulos, da própria instituição Eclesial, para compreender nos movimentos da vida a ação renovadora de Deus através do Seu Espírito. 


 Pe. João Bosco Vieira Leite