4º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 2,14a.36-41; Sl 22[23]; 1Pd 2,20b-25; Jo 10, 1-10).

1. O 4º domingo da Páscoa é dedicado a contemplação da imagem do Pastor. Ela aparece na força do discurso de Pedro ao povo de Israel. Ele já havia recordado que Jesus passou fazendo o bem e, apesar disso, foi crucificado, mas Deus o ressuscitou, constituindo-O Senhor e Messias.

2. Acolhendo a palavra de Pedro, eles se dispõem a fazer um caminho de conversão, deixando o passado de erros, acolhendo o batismo e com este o dom maior do Espírito Santo. O salmo que se segue nos serve de ponte para os textos seguintes que têm em Jesus a perfeita imagem de pastor, reflexo de uma espiritualidade de confiança em Deus que quer o nosso bem.

3. É o mesmo Pedro que prossegue o seu discurso consciente que o batismo mudou a vida de quem o recebeu, mas não a sociedade em que vive, marcada por injustiças. Pedro os exorta a contemplarem a Cristo e não tomarem outro caminho que não seja o de Jesus; somente agindo como Ele agiu é possível estabelecer novas relações.

4. No nosso ciclo litúrgico trienal, o capítulo 10 de João nos é oferecido em partes para refletirmos sobre o pastoreio de Jesus e de todos os que se envolvem com a sua causa. Socialmente falando a figura do pastor não era bem vista pelo estilo de vida que levava, quem o reconhecia e o seguia eram suas ovelhas.

5. É a partir dessa identificação entre pastor e ovelhas que Jesus se serve dessa experiência do seu tempo para falar de si e da confiança que podemos depositar nele.

6. Mais do que pastor, ele aparece hoje como porta pelas quais passam as ovelhas e os verdadeiros pastores. Ele é a medida, a referência. Os que tentam entrar por outra via não são pastores, afirma.

7. A essa afirmação Ele acrescenta outros elementos de reflexão. Ele cancela toda ideia de massa e anonimato, para falar de uma relação pessoal: conhece a cada uma em suas necessidades. Chama a atenção com relação às falsas promessas de alguns que estão pautadas em interesses pessoais. Ele fazia uma referência aos chefes religiosos e políticos de seu tempo.

8. Hoje as vozes se multiplicaram. O desafio é filtrar e detectar a voz do Pastor. De não se deixar levar. Isso exige discernimento e a escuta contínua da Palavra, para que ela seja luz do caminho que fazemos.

9. A imagem da porta pode nos parecer estranha, mas lembremos dos aeroportos e bancos com seus detectores de metais. Jesus quer nos colocar alertas aos sinais que não são compatíveis com o reino e com a vida cristã. Assim ele desperta a consciência de seus ouvintes para ação de todos aqueles que geram ou não vida.

10. Que vai, em nosso país, de um pai que se torna atravessador das mercadorias roubadas do colégio do próprio filho, passando pelos diretores de empreiteiras e políticos em geral. Até quando seremos coniventes com tudo isso? Há lobos em pele de cordeiro dizimando o rebanho. A quem de fato estamos seguindo?


 Pe. João Bosco Vieira Leite