O sábado ainda conserva o silêncio da
quinta-feira que se “instala” ao final da celebração da Ceia do Senhor. É um
dia alitúrgico (sem celebrações dos sacramentos). Hoje, a celebração da eucaristia só pode acontecer depois do sol se pôr, por causa do seu significado
simbólico. Nesta noite a Igreja nos convida a reviver a aventura das mulheres
que vão ao sepulcro e partilhar seus sentimentos. Elas carregam consigo o
perfume que haviam preparado para embalsamar o corpo de Jesus. Maria Madalena
lidera esse grupo de mulheres que carregavam também consigo a tristeza em seu
coração e seu gesto é apenas uma expressão de afeto, apesar de impotente
naquela circunstância.
Quando chegam ao sepulcro a pedra já
estava retirada e não havia mais um corpo no mesmo. Uma desilusão ainda maior
lhes toma o coração. Mas não tiveram tempo para lamentar-se, pois dois homens
misteriosos lhe anunciam que Ele havia ressuscitado, recordando-lhes o que Jesus
já havia partilhado com elas. E a partir daquele momento o anuncio da ressurreição
jamais deixou de ecoar por todos os cantos da terra.
Na pergunta dos anjos às mulheres há um
convite a mudança de atitude: não se reter no evento da morte, tendo-a como
ponto final, mas perceber que ela é apenas um processo de passagem para uma
vida mais plena e nova. Não atribuir demasiada importância aos acontecimentos
humanos, ainda que pareçam definitivos, irremediáveis. Mas a acreditar muito
mais na palavra de Jesus para superar os eventos irreparáveis e aderir a obra
criadora de Deus. Converter-se a uma fé mais viva.
O que vale para essas mulheres, vale
também para nós. Muitas vezes permanecemos bloqueados por acontecimentos que
parecem definitivos, sem saída, ao invés de buscar na palavra de Deus e na luz
de Cristo a possibilidade de olhar além e abrir a nossa existência à obra
criadora de Deus. Renovemos a nossa fé, peçamos a Jesus ressuscitado que renove
a nossa fé e toda a nossa vida. Que nos liberte de nossos sepulcros como ele
foi libertado do seu e nos comunique sempre melhor a sua vida nova, para a
glória do Pai e a alegria de todos os nossos irmãos e irmãs.
Pe. João Bosco Vieira Leite