(Is 58,1-9; Sl 50[51]; Mt 9,14-15)
Depois das Cinzas.
O tema do jejum domina a liturgia da
palavra, primeiro na voz do profeta que reclama de um jejum que não comporta
uma preocupação com o outro, mas apenas o cumprimento de regras e o exercício
externo da dor. Deus sente a partir de dentro, da dor de milhares de homens e
mulheres que não podem ter uma vida mais plena. É necessário aprender a
renunciar em favor do outro. Jesus fala da alegria de sua presença entre os
discípulos e por isso não há necessidade de jejum entre eles; eles aprenderão
do mestre a renúncia necessária e o momento de jejuar, seja pela ausência do
“noivo” ou por exercício de desapego. O salmista nos diz que Deus prefere um
coração contrito e humilde. Peçamos perdão, se nosso jejum não é um ato de
misericórdia.
Catequese litúrgica: O tempo
quaresmal é um tempo de sobriedade. Tempo em que exigimos mais de nós mesmos,
usando maior vigilância evangélica, a fim de renovarmos a soberania de Deus
sobre nós, unidos ao Cristo que vai ao encontro de sua Paixão. Cada um terá a
sua maneira própria de viver este tempo, no que deve melhorar, no gesto
concreto a realizar... Mas para todos o tempo quaresmal será de maior oração,
de participação nas reuniões litúrgicas da comunidade ou nos encontros do grupo
de famílias (Campanha da Fraternidade). E ainda é o tempo propício para uma
confissão sincera. A Igreja não determina mais jejum e abstinência em toda a
quaresma a não ser na quarta-feira de cinzas e a sexta-feira santa que sãos os
dois dias de jejum e abstinência prescritos no Brasil. Mas isso não significa
que o cristão não os observe voluntariamente. Por este gesto, reconhecemos a
soberania de Deus sobre todas as coisas. Biblicamente, a mortificação do corpo
visa a libertação do homem, que com frequência acaba presa das tendências dos
instintos. Porém, a Igreja não se atém tanto neste aspecto do jejum e da
abstinência. A Igreja insiste mais na penitência do amor fraterno na prática.
Pe. João Bosco Vieira Leite