(2Sm 24,2.9-17; 31[32]; Mc 6,1-6)
4ª
Semana do tempo Comum.
Eis um dos textos de complicada
interpretação dentro da Bíblia, pois na realidade, segundo o autor, é Deus
mesmo que levará Davi a cometer um erro e assim punir Israel com a peste. O
pecado reconhecido por Davi foi esquecer que o tal crescimento do seu povo é obra
do Senhor, não sua, portanto não haveria necessidade de fazê-lo; afinal de
contas Deus é o rei o pastor do seu povo. Davi não poderia se considerar “dono”
deste povo, como quem conta suas ovelhas. Se é que podemos encontrar aqui muita
lógica. Importa perceber a intercessão de Davi pelo seu povo ao assumir seu
papel de rei pastor.
O evangelho de hoje encontra a sua
versão que ouvimos no domingo. É Jesus que vai à sua terra natal, é reconhecido
pelos seus em seu poder e graça, mas ficam empacados no fato de o conhecerem e
não acreditarem ou aceitarem tudo aquilo que ele se tornou e seus olhos e
ouvidos comprovam. Presos a uma imagem de Deus, eles sentem dificuldade de
avançar e de acolher. Jesus lhes cita um antigo provérbio. Marcos ameniza a
narrativa com relação ao desejo de seus conterrâneos de mata-lo. Para eles
Jesus deveria continuar aquele que era. Deus não pode ser enquadrado em
determinados esquemas que nos dizem como Ele deve agir ou ser. Nossa humilde
condição na fé deve permitir a Deus ser quem é e agir como bem entender, ainda
que insistamos em apresentar-lhe as coisas como gostaríamos. Diz o povo que o
homem propõe e Deus dispõe. Que assim seja.
Pe. João Bosco Vieira Leite