(Jr 17,5-10; Sl 01; Lc 16,19-31)
2ª Semana da Quaresma.
Jeremias canta o seu lamento de ter
confiado no ser humano e a resposta recebida, como vimos no texto de ontem. Sua
decepção o lança num olhar mais confiante de quem é Deus para ele e como vivem
aqueles que nele depositam a sua confiança. Uma imagem poética: uma árvore
próxima das águas, cujas raízes buscam a umidade (“Quem tiver sede venha a mim
e beba...”) e nela encontra as forças para suportar as intempéries e dar frutos
no tempo devido. O primeiro salmo bíblico se inspira nesse texto e canta a
escolha ou não de seguir os caminhos do Senhor.
Assim podemos ler o texto do pobre
Lázaro e do rico. O grande problema do texto recai sobre o rico, não tanto em
Lázaro; não sabemos se ele era um homem justo ou piedoso, só sabemos de sua
miserável condição (aqui podemos entender esse posicionamento divino,
independente das virtudes, com relação aos pobres sofredores). Se o rico fosse
alguém que observasse as leis divinas, teria consciência da partilha necessária
com aquele pobre, quem sabe de suas sobras. Podemos “passar batido” pela vida
se não escutamos a palavra divina. É ela que evita que a nossa existência seja
um desastre. Nem sempre somos necessariamente perversos, como diz o salmo, mas
somos responsáveis sempre pelas escolhas que fazemos, até mesmo pela
indiferença...
Pe. João Bosco Vieira Leite