5º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Is 1-2a.3-8; 137[138]; 1Cor 15,1-11; Lc 5,1-11)

1. Em linhas gerais podemos perceber um cunho vocacional nas leituras de hoje. Da experiência de chamado de alguns podemos perceber e compreender a experiência de chamado divino também em nossa vida. Algumas experiências são intraduzíveis em palavras e necessitam de imagens que traduzam o que queremos expressar. É assim que podemos acolher esse texto de Isaias.

2. Ele nos conta sobre sua vocação; sobre aquilo que interiormente se passava consigo; intui que o Senhor o chama, mas sabe das suas próprias limitações e pecados. Ele entende que Aquele que chama não só torna apto o instrumento, mas purifica, poda os galhos, para que dê mais frutos, utilizando uma imagem do evangelho.

3. Mergulhados na convivência comum e comparando-nos aos outros, podemos até perceber que não somos tão maus assim, mas o contato íntimo com Deus e sua Palavra nos leva a reavaliar o auto conceito. Mas isso não nos torna indignos de estar na Sua presença, de não aceitar participar de modo mais ativo de seu projeto, ao contrário, nos faz sempre mais perceber que a ação é do próprio Deus.

4. Nossa leitura da carta de Paulo deu um pequeno salto e nos encontramos com o testemunho do Apóstolo sobre a credibilidade do que ele prega e sobre seu chamado. Paulo compreende-se quase como desnecessário à obra de Deus, mas pelo Seu querer, por Sua graça ele se tornou quem é nesse momento da caminhada de evangelização.

5. Paulo reafirma o poder da graça divina de transformar nossas vidas e tornar-nos aptos ao seu chamado; sem vaidades, entregando-se confiante e deixando-se moldar pela sua Palavra.

6. O projeto que Jesus apresentou na sinagoga em Nazaré não se faria de modo mágico, mas participativo. Para nos dizer isso Lucas nos narra o chamado dos primeiros discípulos. São pescadores que acabam de chegar. Pede-lhes para utilizar a barca como púlpito. Ouvem sua palavra; para convencê-los ainda mais, leva-os a experiência do improvável: uma pesca inesperada.

7. A palavra soma-se a um evento e os convence de estar diante de alguém maior que eles, talvez um santo de Deus. Jesus os acalma e os convence a vir com Ele para uma outra pescaria. O seu projeto de vida e liberdade necessitaria do comprometimento de alguns, ainda que limitados e pecadores.

8. Que experiência de fé nos trouxe aqui? O que nos leva a continuar pescando, mesmo quando não há sinais de peixes? Compreendemos que somos todos chamados a colaborar nesse projeto de Jesus? Compreendo que meus pecados não são impedimentos e que minhas limitações sempre poderão contar com a graça de Deus? Tenho confiado em seu chamado? Tenho implorado por misericórdia?

 Pe. João Bosco Vieira Leite