(Jr 18,18-20; Sl 30[31]; Mt 20,17-28)
2ª Semana da Quaresma.
É bonito e interessante esse texto de
Jeremias que nos introduz no mistério da paixão de Cristo. Ele é alvo de uma
conspiração maldosa daqueles por quem o próprio profeta intercedeu. Um retrato
conciso do processo da paixão onde Jesus também orou ao Pai diante do
sofrimento que dele se aproximava. Talvez nos questionemos se é lícito rezar ao
Senhor por certos eventos que acontecem na nossa vida, uma vez que ele tudo
sabe e tudo permite para daí tirar um bem maior. Sim, é lícito. Nem sempre
compreendemos exatamente se a vontade de Deus está se cumprido ali ou algum
capricho pessoal fez levantar-se aquela situação. Tudo em nossa vida deve ser
apresentado ao Senhor, angústias, aflições, alegrias e êxitos, tudo deve estar
sob Seu olhar. Um filho tudo partilha para perceber as ressonâncias do coração
do pai.
No espírito da 1ª leitura, Jesus
comunica aos seus discípulos o que lhe vai acontecer. A mãe dos filhos de
Zebedeu não entendeu bem do que Jesus estava falando, mas antecipa-lhe que o
cálice de que Jesus irá provar chegará também para eles de alguma forma, basta
que sejam verdadeiramente seus discípulos. Quando somos de fato discípulos de
Jesus, a sua paixão atravessa a nossa estrada em algum momento. Os outros
discípulos viram nesse pedido da mãe a busca de privilégio; Jesus esclarece que
o verdadeiro privilégio é poder servir, doando a própria vida, como Ele mesmo
fez.
Orar é também contrapor nossos planos
aos planos divinos e ir percebendo como se casa a minha intenção de realização
na vida com a minha fé.
Pe. João Bosco Vieira Leite