Terça, 7 de janeiro de 2025

(1Jo 4,7-10; Sl 71[72]; Mc 6,34-44) Semana da Epifania.

“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.

Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas” Mc 6,34.

“Uma breve introdução apresenta Jesus como o pastor de um rebanho esfomeado (v. 34a). Capaz de o guiar para pastagens abundantes em erva, nutre-o antes de mais com a Sua palavra (v. 34b) e depois com o pão multiplicado para todos. (vv. 35-41). O quadro final (vv. 42-44) retrata Jesus como o profeta esperado há muito tempo que inaugura os tempos messiânicos. [Compreender a Palavra:] A multiplicação dos pães é um episódio característico na atividade taumatúrgica de Jesus. Presente em todos os evangelhos, deve ser tido em séria consideração, mas pela sua mensagem do que pelos pormenores históricos, os quais não são conhecidos nalguns aspectos. São três os pontos de referência da nossa compreensão. Antes de mais, o fato narrativo: apresentado como uma só multiplicação por São Lucas e por São João, o episódio é de novo narrado numa dupla versão por São Marcos e por São Mateus, no interior da chamada ‘seção dos pães’ (Mc 6,30—8,21; Mt 14,13—16,12). Em segundo lugar, as tradições do Antigo Testamento: o alimento fornecido milagrosamente e com abundância remete para a ação de Deus que sacia o Seu povo no deserto e para a multiplicação dos pães para cem pessoas pelo profeta Eliseu. Faz parte desta herança também a tradição rabínica que descreve a espera do Messias como a espera de um novo Moisés ou do ‘Profeta’ capaz de repetir os milagres do Êxodo num modo surpreendente. Finalmente, é preciso não esquecer a influência exercida sobre os evangelhos pela praxe litúrgica que manda repetir alguns gestos – abençoar, partir o pão, dispor-se numa certa ordem – com termos específicos quer pela liturgia de Jerusalém quer pela de Antióquia. São Marcos e seus leitores liam o episódio com antecipação da Última Ceia e do baquete messiânico: duas realidades muito sentidas nas celebrações eucarísticas da comunidade. O valor querigmático da narração pode ser entendido na dificuldade dos discípulos em entenderem as intenções do Senhor. Na inteira seção dos pães este aspecto está unido ao tema do endurecimento do coração: é demasiado grande para os discípulos aquilo que o Senhor está revelando” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento - Natal] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite