Sexta, 03 de março de 2023

(Ez 18,21-28; Sl 129[130]; Mt 5,20-26) 1ª Semana da Quaresma.

“Será que eu tenho prazer na morte do ímpio? – oráculo do Senhor Deus.

Não desejo, antes, que mude de conduta e viva?” Ez 18,23.

“São dois os temas evocados neste texto: o problema da responsabilidade de cada um em ordem à própria sorte de vida ou de morte, exemplificada por dois casos do malvado que se torna justo ou vice-versa, o tema do modo diferente de pensar de Deus e do homem, de caminhos diversos que têm dificuldade em coincidir. Quanto ao tema da responsabilidade individual, o profeta não só deixa compreender que as culpas dos pais não devem pesar como um jugo inevitável sobre a cabeça dos filhos, mas anuncia inclusive claramente que seja quem for pode resgatar-se até do seu próprio passado, pode salvar-se mesmo do mal merecido por si mesmo com os seus pecados. Ao mesmo tempo, todavia, é possível que um justo abandone o caminho da santidade e provoque a sua ruína, começando a percorrer os caminhos dos malvados. É afirmado inequivocamente: com as suas ações cada um decide sobre si mesmo. Até chegar ao ponto de haver a possibilidade de um justo ser punido por ter, em determinada altura, feito o mal. JHWH imagina os protestos do povo e reafirma assim a justiça dos Seus caminhos, a retidão da Sua conduta e repete o mesmo conceito, mas ao contrário, começando pela sorte do justo que se torna malvado e passando depois à do injusto que se volta para a justiça e retidão. É fundamental, para compreender o proceder de Deus, a afirmação do versículo 23: o que mais interessa ao Senhor é a vida do homem, a possibilidade de que também o ímpio se converta e possa voltar a viver. Este é o desejo do coração de Deus que criou tudo para a vida e não se alegra com a ruína dos vivos, mas deixa às suas criaturas a liberdade de decidirem as suas vidas” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite