Sábado, 11 de março de 2023

(Mq 7,14-15.18-20; Sl 102[103]; Lc 15,1-3.11-32) 

2ª Semana da Quaresma.

“Então Jesus contou-lhes esta parábola: ‘Um homem tinha dois filhos...’” Lc 15,3.11.

“A mais bela parábola contada por Lucas é, sem dúvida, a do filho pródigo. Ela já recebeu inúmeras interpretações. Isso mostra que o texto mexe com o leitor. Contra uma parábola, de fato, é mais do que proclamar uma verdade teológica. As parábolas não pretendem nem informar nem provar – querem nos obrigar a tomar posição. Os filólogos falam em ‘comunicação persuasiva’. Quando Jesus conta uma parábola, ele põe algo em movimento dentro do ouvinte. Não podemos ler a parábola do filho pródigo, da maneira como Lucas a relata, sem que dentro de nós se inicie um processo de mudança. O filho mais novo e o filho mais velho nos colocam diante da pergunta: ‘Onde é que eu estou? Pareço com o mais novo ou com o mais velho? Ou com ambos? Será que conheço bem esses dois lados dentro de mim?’. O tema dos dois irmãos aponta exatamente para a polaridade interna da nossa alma. Temos dentro de nós o filho mais novo, que gostaria de viver, simplesmente, sem olhar para leis e medidas. E temos dentro de nós o irmão mais velho, o bem-comportado, que se esforça para obedecer a todos os mandamentos. Deveríamos olhar para ambos os lados, e ligar entre si os dois polos opostos dentro de nós. A parábola não levanta o dedo moralizante, mandando que me converta e faça penitência. Não, Lucas narra a parábola de Jesus de tal maneira que não posso deixar de me fazer estas perguntas: ‘Onde é que me obstinei? Onde é que me alimentei com coisas vis? Será que me perdi?’ Enquanto leio a parábola, meu coração me incita a voltar para o pai, para lá onde estou realmente em casa” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite