(Jr 17,5-10; Sl 01; Lc 16,19-31)
2ª Semana da Quaresma.
“Isto diz o Senhor:
‘Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana,
enquanto seu coração
se afasta do Senhor’” Jr 17,5.
“Fazendo eco de
ideias extraídas dos Salmos (‘Não coloqueis a segurança nos poderosos, num
homem que não pode salvar!’: Sl 146,3; cf. também Sl 34,18; 84), Jeremias
compara duas sortes: a de quem confia em si mesmo e que leva à falência, e a de
quem confia no Senhor, verdejante como a árvore que estende suas raízes ao
longo de um curso de água. Somente Deus conhece os pensamentos do homem e sabe
distinguir em profundidade entre esses dois projetos; por isso dará a cada um
segundo o fruto de suas ações. O oráculo de Jeremias repete o tema sapiencial
dos ‘dois caminhos’ (cf. Dt 30,15-20; Sl 01; Pr 4,18-19). Está centrado na
oposição entre as falsas seguranças e as autênticas, tema já presente em Jr
2,18-19 (cf. Is 30,15; 31,1-13), onde o profeta tinha acusado Israel de ter
abandonado a Deus para correr atrás do Egito e da Assíria. Nesse trecho, eram
as ‘águas’ (o Nilo e o Eufrates) que constituíam o polo de atração; agora, é
amarga certeza de que quem rejeita confiar no Senhor, foge da água que poderia
saciar. Este poderia ser sólido como a árvore plantada nas margens de um rio,
que não teme o clima, e ao contrário é como um cego: ‘Nem percebe quando chega
a felicidade’ (v. 17b). A consequência fatal é a morte, por causa dos lugares
áridos em que escolheu viver. O texto termina com uma breve instrução sobre o
coração (literalmente ‘os pensamentos’) do homem sobre a capacidade do Senhor
em perscrutar a mente e examinar os corações (literalmente ‘o coração e os
rins’): Ele julgará e dará ao homem o fruto de suas ações” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite