Sexta, 02 de abril de 2021

(Is 52,13—53,12; Sl 30[31]; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1—19,42) 

Paixão do Senhor.

“Ele tomou o vinagre e disse: ‘Tudo está consumado’. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”

Jo 19,30.

“Esta cena da Cruz tem um silêncio impressionante, fato consumado, agora a própria cruz tem por si só a sua fala. O amor fala mais no impacto, no desafio, na dor. O amor só se revela quando se entrega para que o outro comece a viver a partir dessa entrega. Já não tinha mais nada para dar, tinha dado tudo, só faltava o último sopro do Espírito. Mas o amor verdadeiro não termina nunca; não morre, silencia. Quem morre por um ideal morre serenamente, com aquela tranquilidade de quem deu o melhor de si. Não há desespero nem barulho; há aquela quietude de mãe e pai sentados na varanda e vendo os filhos crescendo com muita luta. Quem entrega o Espírito dá um presente vivo que renasce sempre nos outros. Não se mata um ideal; ele renasce sempre em outra pessoa, em outro lugar. ‘Tudo está consumado!’ não significa passividade, o desânimo de não saber mais o que fazer; mas sim a satisfação pelo serviço prestado, pelo dever cumprido, ‘o toque de otimista confiança do operário que realizou bem a sua obra’ (Benoit). Morrer voluntariamente por uma grande causa é uma morte que não é morte: é vida! Desde então a cruz revela o impacto de uma entrega total e também a calma que passa uma vida abnegada. Aquele silêncio dos enamorados frente a um amor que vale a pena ser abraçado, a cabeça inclinando-se para repousar no colo do coração. – Senhor, tua cruz me revela a vida que brota dos sacrifícios verdadeiros, daquela entrega escondida e silenciosa que fala por si só. Amém (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite