(At 11,19-26; Sl 86[87]; Jo 10,22-30)
4ª Semana da Páscoa.
“Meu Pai, que me deu
essas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do Pai.
Eu e o Pai somos um” Jo 10,29-30.
“Nesta frase
encontramos o segredo de Jesus: ‘eu e o Pai somos uma coisa só’. O texto grego
não diz ‘eu e o Pai somos um’ (heis) mas ‘uma coisa só’ (én). Quer dizer, eu e
Pai somos uma única realidade de comunhão e de amor. Cada qual é distinto. Um
não é o outro. Mas a diferença é para permitir a mútua entrega e a união dos
diferentes. O que vigora entre os divinos Três é a circulação da mesma torrente
de vida, é o amor que se derrame de um para os outros e vice-versa, é a
interpenetração tão radical que cada uma das Pessoas é pela, para, com e nas
outras duas. As próprias palavras Pai e Filho revelam esta mútua implicação.
Pai não existe em si para si. Alguém é Pai somente em relação ao Filho. Filho
somente existe porque existe um Pai. A mesma coisa vale para o Espírito Santo.
A palavra Espírito vem de espirar e soprar. O Espírito é o sopro do Pai e do
Filho, um na direção do outro. Por isso o Espírito é o amor que une. O amor na
SS. Trindade se expande para fora. O universo e todas as pessoas são incluídas
no mesmo abraço amoroso. No termo dos tempos todos formaremos o Reino da
Trindade. Então também nós poderemos dizer como Jesus: ‘nós e a Trindade somos
uma só coisa’. – Trindade Santa, vos agradecemos porque nos sentimos
incluídos no mesmo amor que vigora entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Que
a comunhão que vivemos com todos os seres da criação especialmente entre nós
humanos seja um reflexo daquela comunhão profunda que faz das Três Pessoas um
único Deus-amor. Amém” (Leonardo Boff – Graças a Deus [1995]
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite