Quinta, 08 de abril de 2021

(At 3,11-26; Sl 08; Lc 24,35-48) 

Oitava de Páscoa

“Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras e lhes disse: ’Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia’” Lc 24,45-46.

“Considerando-se apenas a palavra bíblica do Antigo Testamento, ‘nada de novo debaixo do sol’, a preocupação de Jesus em abrir a inteligência dos discípulos em relação à sua obra soa como uma deselegância, pois que os discípulos deviam conhecer as profecias. O contexto de Lucas em Atos, porém, mostra que os discípulos mantinham dúvidas em relação ao Reino de Deus, imaginam ser este mesmo que o povo de Deus no Antigo Testamento (At 1,6), e daí a precisa ‘deselegância’ de Jesus. São notórios os equívocos, incompreensões, erros doutrinários e frustrações dos cristãos ao longo da história. Têm a ver justamente com a falta de conhecimento da Palavra de Deus. Não só dos crentes em geral, mas com muito mais dramaticidade, dos líderes e pregadores da Palavra. É verdade que a fé não se limita apenas ao racionalismo cristão. Fé e razão não são a mesma coisa, mas, é indiscutível que sem a contribuição efetiva da razão, de compreender a Palavra, a fé pode limitar-se apenas a uma tradição, que tem a ver apenas com ‘o povo de Deus aqui na terra’. O registro de Lucas é impressionante, porque se dá após três anos de companhia dos discípulos com Jesus. Isto indica que apraz a Deus que seus pregadores tenham um estudo básico e específico. E a exortação de Jesus em abrir mentes indica, além do básico, estudo contínuo e continuado. Pregadores podem ter qualidade de eloquência, convicção, poder de convencimento, mas estas levarão os ouvintes a uma relação pessoal de admiração para com os pregadores. Estes precisam ter profundo conhecimento da Palavra, para que a pregação leve os ouvintes a uma relação de fé consciente com Deus. – Senhor, abre continuamente nossas mentes, para que pratiquemos um cristianismo comprometido com os teus propósitos e preguemos para a salvação de muitos (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite