Sexta, 23 de abril de 2021

(At 9,1-20; Sl 116[117]; Jo 6,52-59) 

3ª Semana da Páscoa.

“Quem come a minha carne e bebe o sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”

Jo 6,54.

“A exemplo dos dias atuais, os tempos antigos também eram marcados por carências de fé e de comida. Não por acaso, multidões seguiam a Jesus. Com Ele se garantia a fé e a comida: pães e peixes multiplicados; fé, o próprio Jesus e seus poderes multiplicadores. Combinação perfeita. Por isso, até quiseram fazer dele um rei, por sinal, um rei que, ao invés de cobrar impostos, iria alimentá-los. Mas Jesus não queria ser rei (seu Reino não era deste mundo), e a fé que tinham os judeus naquele momento não era a fé que Ele pretendia (Ele era o Salvador e o Ressuscitador). Logo, em nada lhe interessava essa fé e aquele movimento. O que lhe interessava? Interessava-lhe o bem-estar espiritual das pessoas. Para tanto, muda a palavra da metáfora empregada (o pão) e passa a usar carne e sangue: ‘Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia’. Isso disse Jesus para ressaltar uma verdade anunciada pouco antes: ‘[...] quem crê, tem a vida eterna’. Mas qual a relação entre crer e comer? Comer e beber é algo físico, é necessário, pode ser até muito prazeroso, mas só tem validade para poucos dias; por isso, é necessário que a pessoa coma diariamente, fazendo isso, três, quatro e até seis vezes por dia. E então? Bom, a comida é digerida e, além de nos dar força, ajuda a formar os nossos membros. Num certo sentido, ela se torna uma só coisa com o nosso corpo. Ora, o mesmo faz a fé. A fé é algo estranho a nós seres humanos. Por nós mesmos não podemos crer, pois, quando o fazemos por conta própria e risco, temos uma fé egoísta, falsa, fé que não acerta em Jesus, mesmo que ela se dirija a Ele. E por que isso? Porque essa fé, egoísta e falsa, visa apenas a seu interesse como os comedores de pão nos ermos da Galileia. – Senhor Jesus, se eu não posso crer em ti nem manter a minha fé por minha própria força, dá-me constantemente a tua carne e o teu sangue para eu ser diariamente alimentado e, assim, viver e crescer em ti. Amém (Martinho Lutero Hoffmann Filho – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite