(At 6,8-15; Sl 118[119]; Jo 6,22-29)
3ª Semana da Páscoa.
“Jesus respondeu: ‘A
obra de Deus é que acrediteis naquele que me enviou’” Jo 6,29.
“Crer é acolher Deus
e sua presença na totalidade da vida. Deus Pai nos enviou seu Filho Jesus.
Acolher um Filho ao lado do Pai é enriquecer nossa compreensão de Deus. Já não
se trata apenas do Deus da tradição abraâmica. Esse é um Deus um e único. Um
Deus solitário em seu mistério e em sua transcendência. Agora se trata do Deus
da tradição jesuânica. É um Deus- Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Um
Deus solidário, união amorosa de três divinas Pessoas. Acolher um Deus comunhão
e não solidão é a singularidade da fé cristã. Pelo Filho e pelo Espírito Deus
se faz próximo. O Filho junto com o Espírito vieram à nossa realidade humana,
enviado pelo Pai. Se ele foi enviado é para nos revelar duas coisas. A primeira
que Deus é Pai. Dizer Deus-Pai não é a mesma coisa que dizer Deus-criador.
Deus-Pai é Pai antes de ser Deu-criador. Ele é eternamente o Pai porque
eternamente gera um Filho na força do Espírito Santo. Só num outro momento esse
Deus-Pai se mostra criador do universo. Deus, portanto, existe na comunhão com
o Filho e o Espírito. E esta comunhão se abre a nós mediante a presença do
Filho e do Espírito dentro de nossa história. A segunda coisa é para
revelar-nos que nós somos filhos e filhas no Filho. Pertencemos, pois, à
família de Deus. É nossa suprema dignidade que maior não há. Por que temer? Por
que sentir-se só e desamparado? Dentro de nós o Pai na inspiração do Espírito está
gerando o Filho e fazendo-nos também filhos e filhas. Acolher esta realidade
nos abre para uma suprema libertação e realização. – Oh Deus, nos
alegra sumamente saber que és nosso Pai e que tens ao Teu lado um Filho. Este
Filho está também ao nosso lado, pois o enviaste e se chama Jesus. Dai-nos
experimentar-Te como Pai e sentir-nos verdadeiramente Teus filhos e filhas no
Filho. Só então espantaremos todos os medos e estaremos seguros em Tua e nossa
Casa. Amém” (Leonardo Boff – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite