Terça, 16 de março de 2021

(Ez 47,1-9.12; Sl 45[46]; Jo 5,1-16) 

4ª Semana da Quaresma.

“Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: ‘Eis que estás curado. Não voltes a pecar,

para que não te aconteça coisa pior’” Jo 5,14.

“Usando um pouco a imaginação podemos nos transportar para a beira da piscina, tão diferente do que costumamos ver: corpos esbeltos e esculturais, recolhendo os raios do sol para bronzear-se... Mas esta piscina de que fala o Evangelho de João não tinha nada disto: eram os enfermos, os cegos, os coxos que aí se punham a espera do milagroso movimento das águas, para se atirarem e alcançarem a cura. Um paralítico aí estava há 38 anos, num grande êxodo de fé, como o povo no deserto (cf. Dt 2,14s). Quando Jesus lhe pergunta se quer ser curado, ele responde não a partir da sua fé, mas a partir dos que não têm boa vontade para ajudá-lo. Ele não pensa e não busca a sua cura-libertação a partir de si mesmo, mas a partir dos outros... Jesus o desafia a tomar sua cama e a caminhar. Jesus chama o homem à sua fé, converte-o em senhor de sua história pessoal e, portanto, de sua própria cura. Jesus faz dele um homem novo, que toma a sua ‘cruz’ e se põe a caminho. O chamado que Jesus lhe faz, já no Templo, a que não peques mais, ressoa assim como uma advertência a que não se deixe jamais ficar aprisionado e oprimido em sua cama desumanizada. Como necessitamos desta voz poderosa que nos desafia, desde dentro, a tomar nossas enfermidades, nossas prisões interiores para pôr-nos de pé, tomar nossas fragilidades e caminhar. Quanto desejo traz Jesus em seu coração para que carreguemos nossos próprios fardos e saiamos caminhando em busca de uma vida nova. Somos nós que devemos nos dispor a buscar nossa própria libertação, sem medos e com o coração renovado de esperança. Nunca podemos esperar que resolvam os nossos problemas, antes podemos esperar que nos ajudem a situá-los para que possamos viver com esperança. – Senhor, nós te damos graças porque sempre nos estás curando das paralisias que nos roubam a esperança e nos mantêm presos em nossos males (Magda Brasileiro – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite