Segunda, 29 de março de 2021

(Is 42,1-7; Sl 26[27]; Jo 12,1-11) 

Semana Santa.

“Judas falou assim não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão;

ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela” (Jo 12,6).

“Jesus e seus discípulos vivem desapegados e desapropriados para estarem melhor com o povo de seu tempo. Ser pobre é ser comum, ou melhor, é a coragem de pôr tudo em comum. Pregadores itinerantes conhecem a liberdade do caminho: quem tem muita bagagem não pode ir muito longe, pesa demais o preço dos próprios apegos. Os discípulos aprenderam que ser pobre e penitente não era fazer excessos de jejuns rigorosos e sacrifícios ostensivos, mas sim, comer o que o povo comia, ter o que o povo tinha. Pregaram o Evangelho num modo que nascia para o acúmulo dos bens com a coragem de dizer que a pobreza evangélica é não ter, mas também não viveram sem ganhar o próprio sustento; pregadores ambulantes não eram tipos que viviam ao Deus dará, organizavam-se para repartir os pequenos ganhos. O grupo tinha lá o seu modo de pôr tudo em comum, pois renunciar a apegos e excessos de gostos particulares era o melhor modo de querer bem a todos. Contudo, de um modo ou de outro sempre tem alguém que não consegue segurar um ideal comum. Sempre tem alguém que não sabe ser pobre também com o dinheiro, porque de uma forma ou de outra o dinheiro entra na nossa vida. Daí o ideal é esquecido, o egoísmo bate forte, a hipocrisia é revelada, a bolsa das esmolas pedidas na porta do templo ganha uma única direção do gosto pessoal. Isso que é o pior, ser ladrão do ideal. – Senhor, ensina-me sempre a repartir! Que eu aprenda que sabendo dividir sobra mais para todos. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffman – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite