(Ez 37,21-28; Sl Jr 31; Jo 11,45-56)
5ª Semana da Quaresma.
“Não percebeis que é
melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” Jo 11,50.
“Querem encontrar um
motivo para a morte do Justo. O martírio é um momento fecundo, abala a todos,
perseguidos e perseguidores. O Justo é visto como uma ameaça porque denuncia
injustiça estrutural e violência institucionalizada. Os potentes procuram
neutralizá-lo. Procuram convencer a todos que há um erro ali, que é melhor
matar o Justo nocivo para toda uma nação. Não dá para perseguir todos os que
seguem o Justo, seria como eliminar uma nação, e isto poderia ser um erro
histórico. Melhor matar apenas um! Doce ilusão! Na força de um mártir está toda
a motivação da fé de um povo. A fé, a resistência, a força revive no sangue do
mártir. O Justo sabe amar e amar é empenhar-se pelos oprimidos da história; não
abandona ninguém em seu sofrimento. A morte do justo une todos os que o seguem,
torna-os solidários. O solidário é aquele que não busca o próprio interesse e
se identifica com o Justo. Então todos percebem que a perseguição é a grande
prova que uma vida não está sendo vivida por si mesma, mas tem sempre os outros
como referência. Quem coloca o outro em evidência nunca está sozinho, arrasta
consigo a nação. A perseguição exige espírito para ser afrontada e produz
espiritualidade forte. Quem nunca foi perseguido é sinal que o que faz ainda
não é encarnado. A perseguição possui uma espiritualidade escrita com sangue,
por isso é real. – Senhor, que eu não tenha medo das perseguições e das
críticas, ajuda-me a viver a verdade; ajuda-me a ser autêntico para construir
os valores do Reino. Amém” (Vitório Mazzuco Filho – Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite