Sábado, 27 de março de 2021

(Ez 37,21-28; Sl Jr 31; Jo 11,45-56) 

5ª Semana da Quaresma.

“Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” Jo 11,50.

“Querem encontrar um motivo para a morte do Justo. O martírio é um momento fecundo, abala a todos, perseguidos e perseguidores. O Justo é visto como uma ameaça porque denuncia injustiça estrutural e violência institucionalizada. Os potentes procuram neutralizá-lo. Procuram convencer a todos que há um erro ali, que é melhor matar o Justo nocivo para toda uma nação. Não dá para perseguir todos os que seguem o Justo, seria como eliminar uma nação, e isto poderia ser um erro histórico. Melhor matar apenas um! Doce ilusão! Na força de um mártir está toda a motivação da fé de um povo. A fé, a resistência, a força revive no sangue do mártir. O Justo sabe amar e amar é empenhar-se pelos oprimidos da história; não abandona ninguém em seu sofrimento. A morte do justo une todos os que o seguem, torna-os solidários. O solidário é aquele que não busca o próprio interesse e se identifica com o Justo. Então todos percebem que a perseguição é a grande prova que uma vida não está sendo vivida por si mesma, mas tem sempre os outros como referência. Quem coloca o outro em evidência nunca está sozinho, arrasta consigo a nação. A perseguição exige espírito para ser afrontada e produz espiritualidade forte. Quem nunca foi perseguido é sinal que o que faz ainda não é encarnado. A perseguição possui uma espiritualidade escrita com sangue, por isso é real. – Senhor, que eu não tenha medo das perseguições e das críticas, ajuda-me a viver a verdade; ajuda-me a ser autêntico para construir os valores do Reino. Amém (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite