Terça, 16 de fevereiro de 2021

(Gn 6,5-8; 7,1-5.10; Sl 28[29]; Mc 8,14-21) 

6ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus os advertiu: ‘Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento de Herodes’” Mc 8,15.

“Abri os olhos! Tomai cuidado! Conselho desse tipo se aplicam em todos os tempos a todas as situações porquanto sempre vai haver alguém procurando enganar o outro ou, pelo menos, seduzi-lo com alguma ideia que não é nem a mais correta nem a mais conveniente. Fariseus e saduceus (aliados políticos de Herodes) representavam duas correntes religiosas opostas na Palestina dos tempos de Cristo. Os primeiros, legalistas, formalistas e até mesmo hipócritas, não davam descanso a Jesus. Os segundos, liberais, aculturados ao helenismo e colaboradores dos invasores romanos, não faziam a Jesus uma oposição tão sistemática quanto os outros, mas acabaram também opondo-se a ele por temer possíveis transtornos políticos ocasionados pela mensagem de Jesus. Os dois grupos, consequentemente, constituíam adversários de peso. Daí a razão de os discípulos guardaram-se deles. Fariseus e saduceus, no entanto, não existem mais. O adeus da história já receberam há tempos. Haveria, assim, alguma razão de nos preocupamos com eles? Claro, desde que entendamos que fariseus e saduceus convivem muito bem entre si... dentro de nós. Não somos, às vezes, tão austeros, legalistas e formalistas e prontos a julgar os outros? E, em outras, não somos tão refinados, abertos e liberais a não ser, naturalmente, quando nossos interesses são contrariados? O fermento dos fariseus e de Herodes cresce bastante em nossa massa, não há dúvida alguma. Qual a solução? Arrepender-se. Crer. Progredir no Espírito. Evitar. Tomar cuidado. E acima de tudo, observar o seguinte: se Cristo nos adverte, não é para ele ver como vamos nos virar sozinhos, mas para criar em nós anseio da sua ajuda. Portanto, se o fermento dos fariseus e saduceus cresce em nós, peçamos a Jesus que faça crescer em nós outro princípio, a saber, a sua graça. – Senhor Jesus, sem a tua redenção continuamos a ser massa de manobra para todo fermento ruim. Por isso, não nos abandones, mas ajuda a nos guardarmos do fermento que nos corrompe. Amém” (Martinho Lutero e Iracy Dourado Hoffman – Graças a Deus [1995] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite