Segunda, 15 de fevereiro de 2021

(Gn 4,1-15.25; Sl 49[50]; Mc 8,11-13) 

6ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: ‘Por que esta gente pede um sinal?

Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal’” Mc 8,12.

“Nós somos ‘essa gente’ diante da qual Jesus ‘suspira profundamente’. Ele suspira! Curiosamente lembramos de um doce chamado ‘suspiro’. Um doce leve, feito à base de puro açúcar simplesmente. Um doce simples, que não precisa de muita degustação, de muita saliva para desmanchar na boca. Um doce leve, simplesmente doce, sem muita sofisticação, mas cujo paladar nos faz ‘suspirar’ de alegria simples, como a alegria de uma criança. Talvez assim, de modo muito simples, leve, tenha sido essa constatação de Jesus: Por que insistir em pedir um sinal do céu, se ao nosso redor, na terra, estamos cercados de sinais? Por que insistir em buscar no céu, no além, no extraordinário, aquilo que aos olhos ‘desta gente’ já é realidade: a presença de Deus com seu povo, no concreto dos afazeres diários, nas lidas mais cotidianas e ordinárias? Assim viveu Jesus: corpo a corpo com as pessoas, no resgate de sua dignidade de filhos de Deus, mostrando com suas atitudes, com seus posicionamentos a realidade de que não estamos sós em nossa solidão – Deus está conosco! Não há sinais vindo do céu! Esta prova, esta certeza como posse definitiva e acomodada, nunca nos será dada! Porque viver é caminhar na terra, é tatear a presença de Deus nos sinais ao nosso redor. Olhemos para baixo, ao nosso redor. Parados, olhando para o alto, deixamos escapar a vida. Deixamos de perceber que há pouco tempo celebramos o Natal, a memória de que o céu desceu à terra para que a terra se tornasse céu; a memória de que tornar-se Deus um de nós, nós nos tornamos eternos! – Sim, Senhor! Queremos suspirar contigo! Queremos abrir os nossos olhos para perceber sua presença conosco pelos caminhos da vida, por mais acidentados que eles às vezes sejam. Tu estás conosco. Não precisamos de outro sinal. Ajuda-nos a não pedir sinais! Aliás, eles não nos faltam. O milagre da vida renova-se a cada instante. Sua presença nos basta, Senhor! Amém (Adriano Freixo Pinz – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite