(Hb 12,4-7.11-15; Sl 102[103]; Mc 6,1-6)
4ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus lhes dizia:
‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares’”
Mc 6,4.
“Para onde converge o
nosso olhar, para lá se dirige o foco da nossa atenção. Mesmo que apareçam
vários pontos de convergência, vamos deixando de lado aquilo que é mais comum,
com o que estamos acostumados, para lançarmos nosso olhar para o
extraordinário. Com isso, deixamos de dar importância ao que está próximo,
visto que já nos é conhecido. Podemos correr o risco de não perceber, de
imediato, o que está ali aos pés do familiar. Se não olhamos, não prestamos
atenção, consequentemente, não valorizamos, por exemplo, aquele velho pai que
fica ali em seu canto, e já não participa tanto das conversas, não perguntam
sua opinião, afinal ele não lembra de mais nada mesmo! No entanto, quanta
sabedoria quando alguém olha com carinho e o integra na roda de conversa! Quanta
experiência traduzida em cada marca no canto dos olhos, em cada fio de cabelo
branco! Aquele aluno desafiador, que enfrenta, grita, não sossega um minuto,
talvez esteja implorando por atenção. Ele não suporta mais ser ignorado pela
mãe, menosprezado pelos colegas, humilhado pelo pai. Percebeu que, ao produzir
contrariedades, todos notam a sua presença e, assim, segue em suas provocações,
agressividades e tensões, até que alguém tenha a sensibilidade de despertar o
melhor que ele pode ser. Com Jesus não foi diferente. Os habitantes de Nazaré o
viram nascer menino, crescer e tomar o ofício paterno, acompanharam tudo o que
aconteceu com Ele. Como crer que aquele mesmo menino, que estava há pouco ali
na carpintaria do pai, agora fazia milagres, curas e prodígios? Alguém
grandioso estava por vir, esperado com toda esperança, o Messias que iria
restaurar Israel, mas não seria aquele filho do carpinteiro, não podia ser
Ele... – Senhor, tocai a minha alma para que eu não perca o foco, a
sensibilidade e a fé. Que eu veja a beleza em cada momento, em cada pessoa, que
são únicos e diferenciados nos detalhes, na sua singularidade e nos seus
valores. Amém” (Patrícia de Moraes Mendes de Sousa – Meditações para o
dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite
