Sábado, 13 de fevereiro de 2021

(Gn 3,9-24; Sl 89[90]; Mc 8,1-10) 

5ª Semana do Tempo Comum.

“Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer”

Mc 8,2.

“Na primeira multiplicação dos pães, Jesus teve pena das pessoas, ‘porque eram como ovelhas sem pastor’ (6,34). Marcos deve estar se referindo aos judeus, que estavam sem um verdadeiro líder. Seus mestres e líderes tinham fracassado. Mas as ovelhas sem pastor são também uma imagem de nós hoje. Sem pastor, as ovelhas estão perdidas. Elas se dispersam. Cada um segue seu caminho, expondo-se assim aos perigos. E não encontra seu pasto. Jesus orienta as ovelhas. Com sua doutrina, ele lhes mostra o sentido da existência e as leva ao pasto, onde podem alimentar-se. A palavra anunciada por Jesus é alimento. Jesus cuida das ovelhas. Ele cura suas doenças e, como pastor, indica a direção que devem seguir. Ele manda as pessoas se acomodarem em grupos. Isso é para mim uma metáfora de uma cultura de vida sadia e curativa. Além disso, Jesus sacia a fome delas. O que ele lhes dá alimenta e sacia de verdade. Tudo isso é expressão de sua compaixão com os seres humanos que haverá de encontrar o seu auge em sua morte na cruz. É aí que ele parte o único pão que os discípulos tinham no barco (8,14), para saciar nossa sede profunda. Na segunda multiplicação dos pães, Jesus sente pena novamente. Mas agora o motivo de sua pena é outro: ‘Se os despeço, mandando-os para casa em jejum, vão desfalecer no caminho, e há alguns que vieram de longe’ (8,3). Os seres humanos – no caso presente trata-se especialmente dos pagãos – desfalecerão no caminho se não encontrarem Jesus. Não estão em condições de seguir sozinhos seu caminho, e precisam de uma merenda para o trajeto. Jesus é o filho de Deus que nos alimenta no caminho de nossa vida, dando-se a si próprio como pão. Em sua morte, ele parte o pão para nós. É suficiente para todos nós. Em última análise, as duas multiplicações dos pães e as três travessias com o barco remetem à morte de Jesus na cruz, na qual Jesus se entrega a si mesmo por nós e nos leva à outra margem, que é a margem da glória divina” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).   

  Pe. João Bosco Vieira Leite