Sábado, 11 de fevereiro de 2017

(Gn 3,9-24; Sl 89[90]; Mc 8,1-10) 
5ª Semana do Tempo Comum.

O nosso texto se reveste de ares de um processo judicial para chamar o homem e a mulher ao centro da cena e perceberem a quebra da harmonia efetuada por ambos. “A Bíblia não descarrega a culpa nos outros, mas devolve o problema e coloca o homem diante da sua consciência. Ela quer que cada um descubra em si o Adão e a Eva e reconheça: “Eu faço isto! Eu é que estou comendo a fruta proibida! Portanto, eu sou responsável e corresponsável pelo mal que existe!’ ela não é saudosista: ‘Era bom antigamente, no paraíso!’ a Bíblia quer que os homens acordem, tomem consciência da situação e enfrentem o mal, começando por extirpar a raiz do mal dentro de si mesmos e da sociedade. E é possível vencê-lo, porque Deus continua querendo o paraíso. Esta vontade segura de Deus é a garantia que a Bíblia nos dá com absoluta certeza. Do contrário, sem tal garantia, não adiantaria conscientizar os outros. Seria um crime, pois serviria apenas para provocar o desespero, a revolta e o desânimo. Agora, provoca o arrependimento, a fé, a coragem, a resistência positiva e a esperança” (Carlos Mesters - Paraiso terrestre, saudade ou esperança? -  Vozes).

O coração de Jesus se revela ainda maior na sua compaixão pela multidão que o segue, desta vez em território pagão, distribuído para eles também o alimento necessário. Muitos autores vislumbram aqui um sinal eucarístico e universal do desejo do próprio Jesus de chegar a todos. De fato, muitos cristãos têm levado o pão da Palavra e da Eucaristia a povos distantes e desconhecidos então da família cristã. Para além dessa realidade missionária, o gesto nos convida a entramos em contato com a realidade que nos cerca, a envolver-nos com as alegrias e dramas que envolvem a vida humana, compartilhar e ajudar.


Pe. João Bosco Vieira Leite