(Dn 12,1-3; Sl 15[16]; Hb
10,11-14.18; Mc 13,24-32)
1. O chamado gênero apocalíptico domina a nossa liturgia da
palavra em seus textos principais. Um gênero que busca transmitir um
ensinamento através de imagens misteriosas e ao mesmo tempo simbólicas. Daí a
necessidade de uma leitura atenta, criteriosa para entender a mensagem, não
prendendo-se tanto às imagens, mas ao contexto histórico em que foi escrito, na
contínua atualização da mensagem divina.
2. Comumente nele se reflete um tempo difícil marcado
por injustiças e perseguições, e sua mensagem é sempre de esperança, de mudança
de cenário. Assim o autor de nossa primeira leitura, se dirige a um Israel
perseguido e correndo o risco de abandonar a fé.
3. Em todos os tempos fazemos este tipo de experiência, pois
o desânimo também se apossa de nós em meio a situações difíceis e de sucesso
daqueles que cometem iniquidades. Eles fazem parecer inúteis os nossos esforços
por uma sociedade melhor. Mas, apesar de tudo, nenhum esforço fica perdido,
mesmo que não cheguemos a assistir ao resultado. Importa manter-se firme.
4. Ainda na esteira da reflexão sobre o sacerdócio de Jesus,
o autor da carta aos Hebreus nos lembra que o sacrifício de Cristo, único e
definitivo, alcança de Deus o perdão dos pecados. Ele há de submeter todos os
nossos inimigos. Assim o sacrifício que oferecemos não é tanto pelo perdão dos
pecados, mas de nossa comunhão com a sua vida e com a certeza de sua vitória.
5. Para entrarmos na linguagem apocalíptica de Marcos no
evangelho de hoje, é preciso que tenhamos presente as dificuldades que atravessam
as comunidades as quais se dirige. É um período de perseguições, muitos são
mortos, fora as dificuldades internas das comunidades. Mas é preciso não temer,
o próprio Jesus não permitirá que eles se percam.
6. Em toda e qualquer situação difícil é importante
manter-se de pé e fiel àquilo que Jesus já havia insinuado em sua fala. Não
perder-se nos comentários daqueles que alarmam o fim do mundo. Mesmo conhecendo
os dramas que nos cercam, não perder de vista a alegria da vida cristã pelo
anúncio da boa nova que o evangelho traz consigo, como nos lembra o papa.
7. Se existe o “quando” para esse mundo, não sabemos nem o
evangelho nos revela, apenas pede que estejamos atentos aos sinais dos tempos.
Podemos assumir uma atitude pessimista ante os fatos que assistimos, mas Jesus
nos convida a manter-nos firmes e coerentes com o que cremos e acreditar que
ele tem a palavra final. Como o verão que se aproxima e traz consigo o seu
calor, não esqueçamos que como as estações, a vida tem seu ciclo de sucessões,
e nunca deixaremos de esperar uma nova e melhor estação, mesmo que não seja
necessariamente nesta vida.
Pe. João Bosco Vieira Leite