(1Rs 17,10-16; Sl 145[146]; Hb
9,24-28; Mc 12,38-44)
1. Neste domingo, de um modo geral, a liturgia da palavra
nos leva a refletir sobre partilha, hospitalidade, generosidade e confiança na
providência divina. Inicialmente temos essa narrativa sobre Elias. Ele segue
seu enfrentamento contra as divindades que desvirtuam a fé do seu povo no Deus
único e verdadeiro. Para provar quem é Deus e talvez o Seu ciúme, Elias prevê
três anos de seca. Mas nem Israel suportou tamanha “provação” e ele teve que
fugir.
2. Em território estrangeiro, Elias se aproxima dessa mulher
pobre e viúva que também sofre o drama da seca e pede água e pão. Ela resolve
confiar no profeta e tem como sinal o suficiente para sobreviver. O texto quer
nos conduzir para esse olhar de Deus para os pobres e sofredores e ao mesmo
tempo da generosidade dessa mulher para com o profeta.
3. A grande lição que brota do texto é de que Deus abençoa
os que sabem partilhar, mostrando que essa mulher foi capaz de vencer em si o
apego que tanto nos domina e determina. O egoísmo humano é que tem provocado a
fome, a nudez e a miséria. E para os nossos tempos, a conivência com certas
estruturas políticas corroídas tem sido também o gerador de tantos males...
4. O autor da carta aos hebreus segue com sua comparação
entre o sacerdócio do AT e o sacerdócio de Cristo, lembrando-nos que enquanto
um oferece sacrifícios contínuos pelo perdão dos pecados, Jesus ofereceu-se a
si mesmo, em uma só vez para o perdão dos pecados e um dia voltará para
resgatar a todos que pela fé foram remidos por seu sangue.
5. Sabemos que Jesus não simpatizava com a elite religiosa
do seu tempo, todas aquelas deferências e exibicionismos mereceram pontuais
comentários de Jesus que ao mesmo tempo revelava suas intenções e lhes
reservava uma dura condenação por parte de Deus por tais comportamentos: “Ouçam o que eles dizem, mas não faça o que
eles fazem”.
6. A gente sabe que certos comportamentos se repetem e são
admirados em nossa sociedade, e sabemos o quanto de exploração do mais fraco se
esconde em certas estruturas. Jesus chama a atenção para nos acautelarmos de
certas atitudes, tanto quanto nos adverte do olhar de Deus sobre todas essas
coisas.
7. É seu olhar que vislumbra no meio daquela multidão uma
pobre mulher que vai levar sua oferta ao templo, do modo mais discreto
possível. Mas ela não é só discreta, ela é desapegada, pois Jesus salienta sua
atual condição, diferentemente daquele jovem rico que o havia buscado dias
atrás.
8. Essa mulher não faz parte dos seus discípulos, mas vive a
seu modo a dinâmica do evangelho. A generosidade aqui salientada não está no
que sobra, mas no quanto comprometemos de nossa vida pelo bem do outro, sejamos
pobre ou rico.
9. O que não significa alimentar a preguiça alheia que não
busca a autossuficiência, mas percebermos a real necessidade do outro; e não
nos perdermos em justificativas para não fazer nada. O egoísmo também sabe usar
as suas máscaras...
Pe. João Bosco Vieira Leite