(Js 3,7-11.13-17; Sl 113[114]; Mt 18,21—19,1) 19ª Semana do Tempo Comum.
“Pedro aproximou-se de Jesus e
perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim?
Até sete vezes?’” Mt
18,21.
“Os
cristãos devem perdoar-se mutuamente, assim como eles são perdoados por Deus.
No evangelho anterior, falou-se da correção fraterna e agora se coloca uma nova
exigência da caridade: o perdão das injúrias, indispensável para que a caridade
possa reinar entre os homens. Pedro pergunta a Jesus, como a sugerir-lhe alguma
limitação à caridade; Pedro crê que se mostra aberto e generoso, propondo como
máximo perdoar sete vezes. Apesar de o número ser um número indefinido na
Bíblia, o sentido que Pedro parece dar a sua exposição é que, segundo ele, tem
de haver algum limite no qual cesse o dever de perdoar, se a ofensa continua.
Jesus rejeita essas limitações, sem deixar lugar para a réplica; Jesus emprega
outro número simbólico, fazendo com que este seja verdadeiramente indefinido;
insiste hiperbolicamente com os múltiplos do sete para salientar a necessidade
de um perdão sem limites. É preciso perdoar, perdoar sempre e perdoar de todo o
coração; a caridade não reconhece limites, nem diminuição ou atenuantes: ama-se
e ama-se realmente e, portanto, ama-se sempre. O Pai celestial ensina-nos como
devemos perdoar de coração nosso próximo; é ele mesmo quem põe em nosso
coração, apesar de todas as dificuldades e sentimentos humanos, a capacidade de
perdoar ao próximo, de rogar por ele e de desejar-lhe todo bem. Paulo nos
recordará mais tarde esse ensinamento, quando, escrevendo aos efésios, diz: ‘Antes,
sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como
também Deus vos perdoou, em Cristo’ (Efésios 4,32)” (Alfonso Milagro – O
Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe.
João Bosco Vieira Leite