Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria – 2025 – Missa do Dia *

(Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab; Sl 44 [45]; 1Cor 15,20-27a; Lc 1,39-56)

1. Encontramo-nos reunidos, mais uma vez, para celebrar uma das mais antigas e amadas festividades dedicadas a Maria Santíssima: a solenidade da sua Assunção na glória do Céu de corpo e alma, ou seja, com todo seu ser humano, na integridade de sua pessoa.

2. Deste modo, contemplando esse mistério recebemos a graça de renovar o nosso amor a Maria, de a admirar e de louvar pelas ‘maravilhas’ que o Todo-poderoso realizou por Ela, e que nela levou a cabo.

3. Celebrando a ação de Deus na Virgem Maria, recebemos mais graça: a de poder ver em profundidade também a nossa vida. Sim, porque inclusive a nossa existência quotidiana, com os seus problemas e as suas esperanças, recebe luz da Mãe de Deus, de seu percurso espiritual:

4. Um caminho e uma meta que podem tornar-se, de certo modo, nosso próprio caminho e a nossa meta. Deixemo-nos orientar pelos trechos da Sagrada Escritura que a liturgia nos propõe. Particularmente a 1ª leitura. Aqui aparece a imagem da Arca da Aliança, também presente na 1ª leitura da missa da Vigília, símbolo da presença de Deus no meio do seu povo, no Antigo Testamento.

5. Mas no Novo Testamento, o símbolo cede lugar à realidade: a verdadeira Arca da Aliança é uma pessoa viva e concreta: a Virgem Maria. Deus não habita num móvel, mas sim numa pessoa concreta; Aquela que trouxe no seu ventre o Filho eterno de Deus que se fez homem, Jesus, nosso Senhor e Salvador.

6. Como sabemos, as tábuas da lei de Moisés, que manifestavam a vontade de Deus, eram conservadas na Arca. Maria é arca da aliança, porque acolheu em si mesma Jesus; recebeu em si a Palavra viva, todo o conteúdo da Vontade de Deus; da verdade de Deus;

7. Acolheu em si Aquele que constitui a Nova e Eterna Aliança, culminada com a oferenda do seu Corpo e do seu Sangue: Corpo e Sangue recebidos de Maria. Por isso a piedade cristã inclui na ladainha em honra a Nossa Senhora o título de Arca da Aliança, arca da Presença de Deus, arca da Aliança do amor que Deus quis estreitar de maneira definitiva com a humanidade inteira em Cristo.  

8. Um outro aspecto sugerido pelo texto é o destino de glória extraordinário que tem Maria, porque está intimamente unida ao Filho, que acolheu na fé e gerou na carne, a ponto de compartilhar a sua glória celestial. A grandeza de Maria, Mãe de Deus, plenamente dócil à ação do Espírito Santo, já vive no Céu de Deus.

9. Hoje cantamos o imenso amor de Deus por esta criatura: escolheu-a como verdadeira “Arca da Aliança”, como Aquela que continua a gerar e o oferecer Cristo Salvador à humanidade e ao mesmo tempo nos convida a tornar-nos também, de nosso modo modesto, ‘arca’ em que está presente a Palavra de Deus, de sermos bem-aventurados pela vivência dessa mesma palavra, como nos indica o evangelho da Vigília.

10. O Evangelho nos apresenta essa Arca em movimento, ‘às pressas’, deixando sua casa para ir até Isabel, e não vai sozinha, leva em seu ventre Jesus: as coisas de Deus merecem pressa, aliás, as únicas coisas do mundo que merecem pressa são precisamente aquelas de Deus, que têm a mesma urgência para a nossa vida.

11. O Espírito Santo abre os olhos de Isabel levando-a a reconhecer em Maria a verdadeira Arca da Aliança, a Mãe de Deus, que vem para a visitar e compartilhar essa Presença Divina. Para fazer saber a ela e a nós que somos também destinatários daquele imenso amor que Deus nos reserva particularmente.

12. Olhando mais uma vez e sempre, para Maria: ela abre-nos à esperança, a um futuro cheio de alegria e ensina-nos o caminho para alcançar: acolher seu Filho na fé; nunca perder a amizade com Ele, mas deixar-nos iluminar e orientar pela sua Palavra; segui-lo todos os dias, mesmo nos momentos em que sentimos que as nossas cruzes se tornam pesadas.

13. Maria, a Arca da Aliança que se encontra no santuário do Céu, indica-nos com clareza resplandecente que estamos a caminho rumo à nossa verdadeira Casa, a comunhão de alegria e de paz com Deus. Amém.

* Com base em texto de Bento XVI

Pe. João Bosco Vieira Leite