Sábado, 11 de janeiro de 2025

(1Jo 5,14-21; Sl 149; Jo 3,22-30) Semana da Epifania.

“É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria e ela é completa. É necessário que ele cresça e eu diminua” Jo 3,29-30.

“João Batista comportou-se de maneira exemplar diante do Messias Jesus, cujo ministério estava iniciando. Tratava-se de dar por encerrada sua missão de precursor, e retirar-se de cena, abrindo espaço para Cristo. O texto evangélico expressa a consciência do Batista. Ele reconhecia que recebera de Deus a missão de preparar os caminhos do Messias. Portanto, não dependeu de sua iniciativa pessoal, nem resultou de mera intuição humana. Assim, uma vez cumprida a tarefa recebida, só lhe restava colocar-se humildemente, no seu lugar, sem incorrer na tentação de competir com o Messias. Quem escutara João, podia testemunhar em seu favor. Jamais ele afirmara ser o Cristo. Sua consciência de precursor impedia-o de confundir os papéis. Simplesmente fora mandado para precedê-lo. Nada mais! Ter-se-ia equivocado se tivesse feito as atenções confluírem para si. Ele era um simples instrumento que Deus se servia para conclamar e preparar as pessoas para a chegada do Messias. Daí seu contentamento por saber que Jesus dera início a seu ministério. Como uma esposa alegra-se com a chegada do esposo, ele havia atingido o auge da felicidade! – Espírito de contentamento, como João Batista, quero alegrar-me com a presença de Jesus na nossa História, que revela o amor de Deus de por nós (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 10 de janeiro de 2025

(1Jo 5,5-13; Sl 147[147B]; Lc 5,12-16) Semana da Epifania.

“E Jesus recomendou-lhe: ‘Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura’” Lc 5,14.

“Existe neste milagre uma ordem, que Jesus dá ao leproso, para que vá apresentar-se ao sacerdote para que, assim, sua cura ficasse legal e oficialmente reconhecida. É vontade de Deus que você não prescinda do sacerdote no trabalho de sua salvação e santificação. É certo que somente Jesus é nosso Salvador e Redentor. É unicamente a ele que devemos o perdão e a graça. Mas ele quis que esse perdão e essa graça nos venham por meio do ministério sacerdotal. O sacerdote é apenas um homem, nada mais que um homem, mas com poderes sobrenaturais, que lhe foram concedidos diretamente por Jesus Cristo. Como sacerdote, é o representante de Deus, a pessoa que está na terra em lugar de Jesus Cristo, o ministro oficial da Igreja. Não detenha tanto seu olhar nesse homem, nessa pessoa humana, que tem qualidades ou defeitos, no seu caráter ou temperamento, com esta ou aquela maneira de ser. Olhe sempre para o sacerdote com verdadeiro espírito de fé, sobretudo quando você recorrer a ele para receber o sacramento da penitência” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 09 de janeiro de 2024

(1Jo 4,19—5,4; Sl 71[72]; Lc 4,14-22) Semana da Epifania.

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção

para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos

e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos” Lc 4,18.

“Nestas palavras do profeta Isaías, Jesus formula seu próprio programa. É interessante que Lucas combina dois textos: o texto messiânico de Isaías 61, 1s e a frase ‘para pôr em liberdade os oprimidos’, de Isaías 58,6. Neste último texto trata-se do verdadeiro jejum, do jejum que agrada a Deus. Não foi por acaso que Lucas ajuntou esses textos. Jesus cumpre as tarefas do Messias. Ele é o homem que, na sua piedade, agrada a Deus. E com essa combinação de dois textos Lucas sugere que nós, como discípulos de Jesus, temos a incumbência de pôr em liberdade os humilhados, de aplanar o caminho da liberdade para os que estão machucados, abatidos, oprimidos, esgotados. Jesus entende a si mesmo como cheio do Espírito Santo. E considera sua tarefa anunciar uma boa nova aos pobres. Esses pobres são, por um lado, os economicamente fracos, os sem diretos sociais, mas, de outro, também os presos, os cegos e os aflitos. Quando Jesus cura alguém, Lucas vê isso como a libertação de grilhões que o mantinham preso. Como exemplo da cura de doentes, Lucas coloca aqui apenas os cegos. A eles Jesus quer dar o ‘poder enxergar novamente’, ou, como é dito literalmente: ‘poder levantar os olhos’. Aqueles que tinham fechado seus olhos diante da realidade deverão ‘levantar de novo os olhos’, descobrir, com seus próprios olhos, a beleza do mundo. É curioso que Lucas aqui insiste somente nos olhos. Mas o olhar era para os gregos o sentido mais importante. Para os gregos, Deus é aquele que é contemplado (Theos, ‘Deus’, vem de ‘theastai’, ‘ser contemplado’). O ser humano vive a sua dignidade ao contemplar. Muitas vezes, porém, a sua vista é nebulosa. Ele vê a realidade através dos óculos embaçados de suas projeções ou de seus padrões neuróticos. Seu olhar é desfigurado pelas ilusões que ele cria sobre o mundo. Quando é capaz de enxergar o que é real, de levantar os olhos, de olhar livremente ao redor, então ele é realmente um ser humano” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Quarta, 8 de janeiro de 2025

(1Jo 4,11-18; Sl 71[72]; Mc 6,45-52) Semana da Epifania.

“Ele viu os discípulos cansados de remar, porque os ventos eram contrários. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles, andando sobre as águas, e queria passar na frente deles” Mc 6,48.

“A coragem com que o discípulo enfrenta os reveses do mundo testemunha sua fé. Pressões de todos os lados, tentações para esmorecer, dívidas a respeito da validade de ser discípulo, são algumas das formas de confronto pelas quais passa o discípulo do Reino, levando-o a correr o risco de se sentir frustrado acerca de sua vocação e missão. Muitas vezes, as investidas do mundo parecem insuperáveis. E o discípulo é desafiado a crer para além das evidências, se quiser sobreviver e manter-se fiel a Jesus. A experiência de enfrentar uma tempestade, no meio do lago da Galileia, num pequeno barco, revela este desafio. Era noite, e a barca encontrava-se no meio do lago. Os discípulos remavam penosamente, mas sem resultado, porque o vento era contrário. O risco de afogamento era evidente. Não parecia haver solução para o caso! É então que aparece Jesus. Inicialmente, eles imaginaram tratar-se de um fantasma. E puseram-se a gritar de pavor. Mas, num segundo momento, encorajados pelo Mestre, são capazes de reconhecê-lo. A fé dos discípulos revelou-se tão frágil, a ponto de levá-los a confundir Jesus com um fantasma. Também foi insuficiente para fazê-los enfrentar os embates da vida. Só uma fé sólida, purificada de todo medo, possibilita ao discípulo sobreviver, nas tempestades do mundo. – Espírito de bravura, concede-me uma fé sólida, que me leve a resistir aos embates da vida e contar com a força reconfortante do Senhor (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Terça, 7 de janeiro de 2025

(1Jo 4,7-10; Sl 71[72]; Mc 6,34-44) Semana da Epifania.

“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.

Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas” Mc 6,34.

“Uma breve introdução apresenta Jesus como o pastor de um rebanho esfomeado (v. 34a). Capaz de o guiar para pastagens abundantes em erva, nutre-o antes de mais com a Sua palavra (v. 34b) e depois com o pão multiplicado para todos. (vv. 35-41). O quadro final (vv. 42-44) retrata Jesus como o profeta esperado há muito tempo que inaugura os tempos messiânicos. [Compreender a Palavra:] A multiplicação dos pães é um episódio característico na atividade taumatúrgica de Jesus. Presente em todos os evangelhos, deve ser tido em séria consideração, mas pela sua mensagem do que pelos pormenores históricos, os quais não são conhecidos nalguns aspectos. São três os pontos de referência da nossa compreensão. Antes de mais, o fato narrativo: apresentado como uma só multiplicação por São Lucas e por São João, o episódio é de novo narrado numa dupla versão por São Marcos e por São Mateus, no interior da chamada ‘seção dos pães’ (Mc 6,30—8,21; Mt 14,13—16,12). Em segundo lugar, as tradições do Antigo Testamento: o alimento fornecido milagrosamente e com abundância remete para a ação de Deus que sacia o Seu povo no deserto e para a multiplicação dos pães para cem pessoas pelo profeta Eliseu. Faz parte desta herança também a tradição rabínica que descreve a espera do Messias como a espera de um novo Moisés ou do ‘Profeta’ capaz de repetir os milagres do Êxodo num modo surpreendente. Finalmente, é preciso não esquecer a influência exercida sobre os evangelhos pela praxe litúrgica que manda repetir alguns gestos – abençoar, partir o pão, dispor-se numa certa ordem – com termos específicos quer pela liturgia de Jerusalém quer pela de Antióquia. São Marcos e seus leitores liam o episódio com antecipação da Última Ceia e do baquete messiânico: duas realidades muito sentidas nas celebrações eucarísticas da comunidade. O valor querigmático da narração pode ser entendido na dificuldade dos discípulos em entenderem as intenções do Senhor. Na inteira seção dos pães este aspecto está unido ao tema do endurecimento do coração: é demasiado grande para os discípulos aquilo que o Senhor está revelando” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Advento - Natal] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Segunda, 6 de janeiro de 2025

(1Jo 3,22—4,6; Sl 02; Mt 4,12-17.23-25) Semana da Epifania.

“Daí em diante, Jesus começou a pregar, dizendo: ‘Convertei-vos, poque o Reino dos céus está próximo”

Mt 4,17.

“A síntese da pregação de Jesus é a conversão e o anúncio do Reino de Deus. O reconhecimento de nossos desvios e o arrependimento de nossos pecados é o primeiro passo para a conversão e o elemento indispensável para a santidade no caminho da santificação. Por isso, João prega a penitência para os judeus, que se esqueceram de Deus, e por isso também Jesus Cristo prega a penitência e a conversão a uma vida de santidade. Por isso Jesus ensina que pretender entrar no Reino de Deus supõe mudar de costumes pelo arrependimento. Aqui ‘a conversão’ (metánoia) é mais que um simples arrependimento de faltas passadas; é uma mudança radical de conduta. O sentido que a conversão tem, no evangelho, é que se lhe dá caráter escatológico, pois associa-se à chegada iminente do Reino de Deus e do Messias que deverá instaurá-lo. Na pessoa de Jesus, Deus toma a iniciativa da reconciliação e do oferecimento do perdão; mas para que surta seu efeito esta iniciativa, é necessário que o homem, por seu lado, abandone o orgulho e consinta em voltar-se para Deus” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Epifania do Senhor

(Is 60,1-6; Sl 71[72]; Ef 3,2-3.5-6; Mt 2,1-12)*

1. Podemos recolher dessa narrativa, que é uma mescla de história, teologia e simbolismo, alguma coisa prática para a nossa vida. Como toda a Bíblia, esta página também foi escrita para o nosso ensinamento.

2. É perceptível na narrativa três reações diversas ao anúncio do nascimento de Jesus: aquela dos magos, a de Herodes e dos sacerdotes. Comecemos por Herodes. Ele fica perturbado com a notícia e convoca os sábios da corte, não para conhecer a verdade, mas para corrigir um possível engano.

3. Essa intenção se manifesta ao pedir aos magos que retornem com notícias, transformando-os numa espécie de espiões. Herodes representa a pessoa que já fez sua escolha. Entre a vontade de Deus e a sua, ele claramente escolheu a sua.

4. Não se trata de verificar alguma espécie de ódio de Deus ou coisa parecida. Ele não vê vantagem e decidiu eliminar qualquer coisa que perturbasse o estado das coisas. Ele chega àquele estado definido por Sto. Agostinho: “O amor a si que é o leva até ao desprezo de Deus”. Pensa ser seu dever agir assim para o bem de todos.

5. Nosso mundo segue repleto de ‘Herodes’. Não tem manifestação de Deus que baste. São como cegos; não veem nem querem ver. Só um milagre da graça, e para nossa sorte esses ainda ocorrem, para destruir essa couraça de egoísmo.

6. A reação dos sacerdotes e mestres da Lei é estranha, pois sabem exatamente onde este deve nascer; podem até dar as indicações necessárias de como chegar, mas eles mesmos não se movem. Como placas sinalizadoras na estrada.

7. Essa atitude também simboliza algo muito presente entre nós, sabemos o que significa seguir Jesus, podemos até explicar detalhes aos outros, mas nos falta a coragem e a radicalidade de colocar tal seguimento em prática. E isso não diz respeito somente a nós sacerdotes, mas a todos nós batizados. Sabemos onde Jesus se encontra: nos pobres, nos humildes, nos sofredores..., mas nem sempre vamos lá.

8. Por fim temos os magos, os protagonistas da festa. Eles não nos ensinam com as palavras, mas com os fatos, não com aquilo que dizem, mas com o que fazem.

9. Deus se revela a eles, como sempre o faz, a partir da sua experiência, utilizando os meios que estes têm à disposição: prescrutando os céus, não têm dúvidas, e colocam-se a caminho; deixam suas seguranças e partem com uma simples afirmação, como se não tivessem feito nada de extraordinário: “Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.

10. Vimos e viemos; são as lições que nos deixam. Se tivessem calculado os perigos e as dúvidas da viagem, teriam perdido a determinação inicial e se perdido em vãs e estéreis considerações. Agiram rápido. Este é o segredo quando se recebe uma inspiração de Deus. Como Abraão, partiram sem saber exatamente onde iriam chegar.

11. Os magos deixam claro que vieram para adorar. Para eles, adorar é tributar a máxima honra possível, reconhecer em alguém a soberania absoluta. É a primeira vez que esse verbo no Novo Testamento vem colocado em relação a Cristo: o primeiro, implícito, mas claríssimo, reconhecimento da sua divindade.

12. Podemos afirmar que em seu objetivo não são movidos pela curiosidade, mas pela autêntica piedade. Não buscam aumentar o seu conhecimento, mas exprimir sua devoção e submissão a Deus. A adoração é um sentimento religioso de redescoberta da força e da beleza de Deus.

13. Só a Deus nós adoramos, daí esse cuidado que devemos ter em nosso vocabulário ao atribuir nossa admiração, reconhecimento, apreço e gosto, sejam por coisas ou pessoas.

14. Um último detalhe. Os magos após encontrarem a Cristo não voltam pelo mesmo caminho. Mudando a vida, se muda a via. O encontro com Cristo deve determinar uma mudança, seja de caminhos, seja de hábitos. Também nós não podemos voltar para casa como viemos. A Palavra do Senhor deve mudar alguma coisa dentro de nós, que nos ajude a rever o nosso pensar e o nosso agir.

15. Herodes, os sacerdotes, os magos. Com quem queremos assemelhar a nossa vida ou ela se assemelha? Ver o Menino, sentir uma grande alegria, voltar por outro caminho. São propostas contínuas que a Palavra de Deus nos faz sempre.   

*Com base em reflexão de Raniero Cantalamessa

Pe. João Bosco Vieira Leite

Sábado, 04 de janeiro de 2025

(1Jo 3,7-10; Sl 97[98]; Jo 1,35-42) Tempo do Natal.

“João estava de novo com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus!’ Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus” Jo 1,35-37.

“Volta João a falar do Cordeiro de Deus, assim como o fez ontem. É ele, também, quem, no capítulo 10, apresentará Jesus como o Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é capaz, por elas, de dar a vida. Nos dois versículos de hoje, há duas ideias que mereceriam reflexão: João fixa a vista em Jesus e os dois discípulos, sem discutir, seguem a Jesus, abandonando a João. Podemos nos perguntar: Onde estamos nós, neste momento, fixando nossa vista? O que nos atrai, o que nos prende, o que nos preocupa, onde estamos colocando o nosso coração? Não devemos, é verdade, perder de vista o bem, a virtude, a coragem de viver, a necessidade dos outros, os grandes ideais da sociedade, a retidão de comportamento e a bondade do coração. Mas não podemos fixar nossos olhos nas ambições pequenas da vida e nas tentações fugazes e aparentes de bens menores. Jesus Cristo, Cordeiro de Deus, é o bem maior e definitivo, permanente e último, que não podemos perder de vista. Ele deve ser a pulsação do nosso coração e a respiração de nossa vida. E, por isto, devemos segui-lo, não importando as dificuldades que experimentamos e as fraquezas espirituais que possamos sentir. É preciso fixar religiosamente o olhar em sua pessoa e colocar nossos passos decididamente em seu caminho, pois ele é a nossa salvação e a grande promessa de felicidade de Deus. É ele quem nos dá forças para amar nossa família e sermos bons até para nossos inimigos. Com ele, os caminhos podem nos conduzir ao Calvário, mas nosso sepulcro não ficará para sempre sigilado. Cristo é o grande desafio. Aceitando-o, todos os demais desafios serão pequenos, e até mais dignos de serem enfrentados. – Senhor Deus, grande e bom, dai-nos a graça de não perdermos Jesus de vista e a coragem de segui-lo, pelos caminhos da vida, até Jerusalém. Amém” (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite

Sexta, 03 de janeiro de 2025

(1Jo 2,29—3,6; Sl 97[98]; Jo 1,29-34) Tempo de Natal.

“No dia seguinte, João viu Jesus aproximar-se dele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus,

que tira o pecado do mundo’” Jo 1,29.

“O encontro de João Batista com Jesus possibilitou-lhe manifestar sua certeza de que realmente se tratava do Messias esperado. E mais, tornar pública sua fé. O Precursor reconheceu ser Jesus ‘o Cordeiro de Deus’ cuja missão seria abolir o pecado do mundo. A expressão ‘Cordeiro de Deus’ aludia tanto ao cordeiro pascal quanto ao Servo de Javé que, pelos sofrimentos por causa de sua fidelidade a Deus, foi comparado a um ‘cordeiro conduzido ao matadouro’. Por um lado, a presença e a atuação de Jesus na história humana trariam a marca da libertação, sob a mão protetora de Deus, como acontecera no Egito. Por outro, toda a existência do Messias era entendida como serviço e fidelidade a Deus, numa recusa radical de pôr-se a serviço de outro senhor, mesmo devendo pagar um preço caro por sua decisão. Ambas as possibilidades estão plenamente de acordo com o que haveria de ser seu projeto de vida. Além disso, João Batista confessa que foi por obra de Deus que chegou a reconhecer Jesus como o Messias. E isto se deu por ocasião do batismo do Mestre, quando O Espírito Santo pairou sobre ele. A fé do Precursor consistiu, também, em reconhecer Jesus como ‘o Filho de Deus’. Portanto, um Messias para além das tradicionais expectativas messiânicas. – Espírito que nos predispõe à fé, ilumina minha mente para que eu possa reconhecer Jesus como o Filho de Deus, vindo ao mundo para livrá-lo do pecado” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] - Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite

Quinta, 02 de janeiro de 2025

(1Jo 2,22-28; Sl 97[98]; Jo 1,19-28) Tempo do Natal.

“E esta é a promessa que ele nos faz: a vida eterna” 1Jo 2,25.

“Somos todos criados à imagem e semelhança de Deus; logo, todos temos uma fagulha do Divino em nós. Assim sendo, temos um pouco de eternidade potencialmente em nós; no entanto, vida eterna não significa apenas a continuidade da existência espiritual no pós-morte física; significa outrossim, vida com qualidade, vida em abundância, vida ao lado de Deus (Jo 10,10). Tem muita gente que vive a vida inteira buscando ‘salvar a alma’, como se a alma fosse algo etéreo, fantasmagórico, meio ‘gasparzinho’. Na verdade, a salvação cristã é uma salvação holística, isto é, o ser humano todo salvo para o bem: espiritual, física, econômica, emocionalmente etc. A promessa do Cristo inclui vida em abundância; portanto, a partilha com menos favorecido, o empenho por saúde para todos, o apoio a educação acessível e de qualidade também fazem parte essencial da salvação. O grande problema é que muita gente vê religião como válvula de escape do inferno, que seria um lugar onde, isolado do Criador, a criatura sofreria tormentos eternos. Ler a Bíblia com essa ideia de salvação acaba jogando a pessoa no mercantilismo da fé e na troca com Deus: eu faço isso e Deus me dá aquilo. Não é isto a vida eterna. Vida eterna é, acima de tudo, gratuidade. Deus em sua graça alcança e acolhe a cada um de seus filhos pelos méritos de Cristo (1Jo 2,1-2), sem barganha, sem troca e sem pagamento de preço. Este mesmo Cristo só requer de seus seguidores que, efetivamente, amem a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Você está disposto a acolher esta vida eterna em você? Ou ainda está entendendo a fé em um sentido mercadológico? Acolha o dom de Deus gratuitamente e exerça sua fé para o bem de todos. – Jesus, ajuda-nos a compreender o verdadeiro sentido da vida eterna que Tu nos dás e conceda-nos promover a vida também para o próximo. Amém” (Sandro Bussinger Sampaio – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite